Porto Alegre envolve atores locais na atualização de seu Inventário de GEE

O documento apoiará a cidade a definir uma linha de base a partir da qual irá planejar sua estratégia de combate à emergência climática

15 de abr de 2021

Crédito: Renato Soares

A cidade de Porto Alegre está unindo esforços para atualizar seu Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Nesta quarta (14 de abril), foi realizado um workshop para sensibilizar técnicos da prefeitura e atores relevantes ao contexto local a se envolverem nesse processo, realizado pela Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) em parceria com o ICLEI Brasil.

 

O Inventário é um levantamento que determina as principais fontes de GEE em suas atividades produtivas, além da quantidade de gases lançados na atmosfera em determinado período – geralmente um ano. O documento apoia as cidades a definirem uma linha de base a partir da qual poderão planejar sua estratégia de combate à emergência climática, permitindo um melhor direcionamento dos esforços de mitigação e o monitoramento do progresso de sua estratégia climática.

 

“As cidades são responsáveis por cerca de 70% das emissões de GEE no planeta e um inventário nos fornece informações valiosas para a orientação e priorização das políticas públicas relacionadas à redução do risco climático”, avalia o secretário da Smamus, Germano Bremm. “Entender quais são as fontes das emissões é fundamental para a gestão dos riscos e identificação de oportunidades de redução em nosso território.” 

 

O secretário destacou ainda a importância do envolvimento de todos os órgãos do governo neste processo de atualização do Inventário. “O conhecimento de todos é necessário para fazermos esse estudo com qualidade. Nosso desafio é justamente integrar as políticas urbanas e ambientais na construção de políticas públicas que orientem o planejamento climático municipal.”

 

De acordo com o primeiro Inventário da cidade, lançado em 2015 através do projeto Urban-LEDS I, Porto Alegre tem 66% das emissões de GEE provenientes do setor de transportes, 20% de resíduos e 14% de fontes estacionárias, como prédios e residências. A cidade emitiu 2,83 milhões de toneladas de CO₂e em 2013, ano base do estudo. “A atualização desses dados é essencial para que possamos instrumentalizar melhorias para a nossa cidade”, observa Bremm.

 

Associada ao ICLEI América do Sul desde 1997, Porto Alegre vem trilhando um longo caminho de parceria com a organização, realizando ações locais e participando de eventos globais em prol da agenda climática. Em 2020, a cidade foi escolhida para participar do Action Fund Brazil, parceria entre ICLEI e Google.org que está financiando dois projetos de organizações não-governamentais que impulsionam a ação climática local.

 

A atualização dos dados do inventário capital gaúcha está sendo realizada através de uma parceria com ICLEI América do Sul, WayCarbon e EcoFinance e permitirá que sejam definidas metas de redução de emissão, além de apoiar a elaboração de um Plano de Ação Climática, ações previstas na Política Municipal de Sustentabilidade, Enfrentamento das Mudanças Climáticas e Uso Racional da Energia, aprovada pelo município em janeiro de 2020.

 

O secretário executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, lembra que muitas vezes os instrumentos urbanos ligados à questão climática ficam engavetados e correm em paralelo às dinâmicas das cidades. “Dar luz a esses instrumentos é uma das contribuições de Porto Alegre não apenas para as cidades brasileiras, mas também para as cidades sul-americanas.”

 

Nesse sentido, a atualização do Inventário é uma oportunidade especial para a capital gaúcha demonstrar sua liderança internacionalmente, na visão do secretário executivo adjunto do ICLEI América do Sul, Rodrigo Corradi. “A cidade demonstra condições de atingir mudanças que trazem componentes fundamentais para fortalecer o desenvolvimento urbano sustentável.”

 

A programação do evento trouxe ainda apresentações sobre a emergência climática, explanada pela coordenadora de Baixo Carbono do ICLEI Brasil, Leta Vieira; sobre como construir um inventário de emissões de GEE, por Iris Coluna, assessoria de projetos do ICLEI Brasil; e também sobre como o documento deverá ser agregado a Plano Diretor, explicado por Ana Wernke, coordenadora de Relações Institucionais e Advocacy do ICLEI Brasil. O gerente de planos urbanísticos do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), Ubirajara Paz, apresentou a experiência do Recife na valorização da política climática como central ao planejamento urbano.

 

O workshop contou com a presença de 60 participantes e foi transmitido via YouTube da Smamus. Prevista para o final de abril, a segunda etapa do encontro irá capacitar grupos de trabalho municipais na Metodologia GCP e Plataforma Climas, ferramentas utilizadas para a medição de dados do Inventário.

 

Confira o evento na íntegra: 

https://www.youtube.com/watch?v=tJ0EJVCKZ4Y