Neste 5 de setembro comemora-se o Dia da Amazônia. O maior bioma do território brasileiro é habitat de inúmeras espécies de seres vivos e um dos maiores patrimônios naturais da humanidade. Ao celebrar a Amazônia, celebramos a biodiversidade e o equilíbrio ecológico e ambiental que ela nos traz. Defender o bioma é entender seu papel fundamental para o prosseguimento da vida humana no planeta Terra.
Nos últimos anos, contudo, a região tem sido alvo de constantes ataques ao meio ambiente, com desmatamento e devastação em massa, provenientes de grandes queimadas e atividade agropecuária, principalmente; construção de hidrelétricas que ameaçam os rios; além de garimpos, invasões e roubos de madeira que seguem degradando territórios indígenas e unidades de conservação em toda a região. De acordo com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no 1º semestre de 2021 a região teve a maior área sob alerta de desmate dos últimos seis anos: 3.325 km², território equivalente a mais de duas cidades de São Paulo.
Entretanto, não só a floresta sente os impactos desta degradação. A perda da biodiversidade e o desequilíbrio climático afetam também – e de maneira intensa – os territórios urbanos, com consequências diretas na qualidade do ar, na formação de ilhas de calor e no desabastecimento hídrico.
Segundo dados da ONU, as cidades são responsáveis por 70% dos gases de efeito estufa emitidos em todo o planeta, que também impactam diretamente no aquecimento global. No Brasil, sete das 10 cidades mais emissoras se encontram na região Norte, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) – uma das maiores bases de dados nacionais sobre emissões de gases estufa do mundo, realizada com o apoio do ICLEI. Ainda, o SEEG indica que, em 2019, o desmatamento respondeu por 44% do total das emissões do país.
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Tal contexto evidencia a relevância do papel das cidades e estados na preservação e restauração da Amazônia, a partir da implementação de ações e políticas públicas focadas em reduzir, restaurar e ampliar as ações de preservação, como a conservação dos ecossistemas e a promoção do uso adequado de recursos naturais, buscando aumentar a resiliência nas cidades e diminuir suas emissões de carbono.
O envolvimento de governos locais é, portanto, o melhor caminho para a apropriação das agendas globais de desenvolvimento sustentável, como o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
ICLEI e Amazônia
A imensidão amazônica está distribuída por outros nove países da América do Sul. Como organização atuante em prol do desenvolvimento sustentável em toda a região, o ICLEI América do Sul busca aprofundar, desde 2019, sua atuação na região, estreitando seu relacionamento com atores e governos locais.
Neste sentido, a organização vem desenvolvendo e participando de iniciativas e projetos para conhecer os desafios das dinâmicas urbanas deste território e pensar soluções capazes de impulsionar o desenvolvimento sustentável com a manutenção da floresta em pé.
Lançado em 2020, o Fórum de Cidades Pan-Amazônicas (FCPA), por exemplo, é um processo multi-ator que fomenta o diálogo horizontal e a troca de conhecimentos e experiências entre governos locais da região amazônica. Em uma parceria entre o ICLEI, a WayCarbon e a Fundação Konrad Adenauer, por meio do Programa Regional de Segurança Energética e Mudanças Climáticas (EKLA), o FCPA reúne representantes das pastas de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de cidades amazônicas do Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
Já a iniciativa Amazônia pelo Clima, que teve seu ponto de partida em junho deste ano, tem buscado incrementar o acesso à financiamento para a ação climática local na região da Amazônia Legal brasileira. Realizado em uma parceria do ICLEI com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o projeto parte de um diagnóstico no qual poucas cidades amazônicas possuem recursos para estruturar uma agenda de adaptação e mitigação das mudanças do clima e buscará reverter esse cenário, criando um espaço de diálogo entre governos locais e instituições financeiras atuantes na região.
Na visão do secretário executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, a cooperação e parceria entre os atores locais é uma condição importante para a conservação da Amazônia, gerando oportunidades para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar de sua população.
“Os governos locais devem ter um protagonismo maior frente às dinâmicas amazônicas e precisam conciliar questões como infraestrutura urbana e valorização da biodiversidade, fortalecendo o papel dos municípios na conservação do bioma amazônico e se alinhando aos preceitos que nos levarão à COP15 de biodiversidade e à COP26 do clima”, observa Perpétuo.
Neste Dia da Amazônia, o ICLEI América do Sul reforça o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da região. A organização segue comprometida a caminhar em conjunto com os governos locais pan-amazônicos rumo a um futuro verde e respeitoso ao meio ambiente, estimulando o intercâmbio de conhecimentos e experiências e buscando soluções coletivas para as questões que a Amazônia enfrenta.