Há alguns anos, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) passou por sua maior crise hídrica, na qual as precipitações chegaram a ser 65% abaixo da média histórica da região. Em 2016, o Município de Campinas enfrentou o fenômeno climático chamado microexplosão, nuvem carregada de ar e água que provocou fortes ventos de até 120km/h que afetaram seriamente a infraestrutura urbana da cidade.
Estes acontecimentos mostraram que a RMC, assim como a maior parte dos centros urbanos no Brasil, está vulnerável aos impactos das mudanças climáticas e que essa discussão é cada vez mais relevante no cotidiano das cidades. Com a intenção de abordar essa agenda pela perspectiva regional, a Prefeitura Municipal de Campinas, conjuntamente com o ICLEI-Governos Locais pela Sustentabilidade e a Waycarbon, realizou o seminário: Diálogos pelo Clima em Campinas, que debateu a importância da elaboração de um inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da RMC.
O seminário permitiu compartilhar com atores políticos, técnicos e a sociedade civil da região a importância de trazer à agenda política a implementação de ações para o enfrentamento às mudanças climáticas na região.
O inventário de emissões, que envolve aos 20 municípios da RMC, irá estimar a quantidade de GEE emitida na região e quais são os setores mais intensos e atividades mais intensivos e relevantes para ações de redução. O estudo representa o primeiro passo para a elaboração de uma política de enfrentamento às mudanças climáticas e permitirá a definição de metas de redução de GEE e o estabelecimento de um plano de ação na região.
Para o Secretário Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes, a elaboração do inventário na região é muito importante e demonstra que as ações para o enfrentamento das mudanças climáticas devem ser executadas pelos governos locais.
“Quando participamos da Conferência das Partes (COP23) na Alemanha, vimos como mais de 500 líderes locais fizeram um apelo de urgência do agir para combater às mudanças climáticas, porque nisso os governos nacionais são lentos. A necessidade da sociedade com relação à agenda do clima requer ação e menos conversa. Por isso, estar falando aqui sobre a elaboração do primer inventario regional de GEE é um reforço a esse convite de ação”, manifestou.
Este movimento representa um claro reflexo da assimilação dos governos locais à implementação das agendas globais de sustentabilidade, segundo o Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo.
“Ha dez anos, era impossível pensar na importância dos municípios e organizações da sociedade civil organizadas protagonizando uma politica de enfrentamento às mudanças climáticas vinculada a um movimento internacional, como o Acordo de Paris. Isso não é pouca coisa, de fato traz um empoderamento das prefeituras para que esse trabalho se realize nas cidades”, destacou.
O evento foi realizado na sede da Câmara dos Vereadores de Campinas e reuniu o Secretário Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes, o Vereador e Presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Campinas, Luiz Carlos Rossini, a Diretora Executiva da Agência Metropolitana de Campinas, Ester Viana, o Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, o Sócio Diretor da WayCaron, Felipe Bittencourt, e aos representantes das secretarias de meio ambiente dos munícipios da região metropolitana.
O inventário será realizado pela empresa Waycarbon, vencedora da licitação promovida em 2016, e contará com a participação do ICLEI América do Sul nas capacitações para a equipe técnica sobre a temática. A tecnologia oferecida permitirá apresentar resultados mais tangíveis e voltados para a estratégia de política pública em todas as cidades da RMC, disse o Sócio Diretor da WayCaron, Felipe Bittencourt.
Próximos passos
Como parte do plano da elaboração do inventário de emissões de GEE, os municípios terão uma primeira capacitação na segunda semana de junho, na qual os secretários de meio ambiente e técnicos da RMC serão introduzidos à metodologia GPC (Protocolo Global para Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa de Escala Comunitária).
O objetivo destas capacitações, que no total serão cinco, é treinar os técnicos dos municípios da região metropolitana para que tenham a capacidade de desenvolver o cálculo e elaborar seus inventários com autonomia, manifestou o Assessor de Gabinete da Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Cezar Capacle.