O que podemos aprender com as experiências inovativas compartilhadas no Connected Smart Cities & Mobility 2021?

Evento reúne especialistas, empresas e governos que apresentaram boas práticas para o desenvolvimento de cidades inteligentes

03 de set de 2021

Imagem: Jean Carlos Faleiro.

Depois de quase dois anos, a pandemia segue impactando diversos setores da sociedade, em especial no que se refere ao bem-estar das pessoas. Por conta disso, diversas reflexões sobre o futuro têm sido especuladas, como a maneira com a qual as grandes cidades têm se transformado e se ainda será possível vivenciar os espaços públicos do mesmo jeito que antes do início do isolamento social. 

 

Neste contexto, entendendo que tanto governos subnacionais quanto empresas buscam por soluções centradas na população, o evento Connected Smart Cities & Mobility 2021 proporcionou um ambiente de conexão e troca de experiência entre esses atores.

 

De 1 a 3 de setembro, cidades e empreendedores compartilharam boas práticas de inovação e melhorias para tornar as cidades mais inteligentes. Realizado pelo Necta Inova, Urban Systems, Connected Smart Cities e Connected Smart Mobility, o foco do evento se voltou para a troca de experiências entre o Reino Unido e o Brasil, estimulando oportunidades e parcerias que ajudem ambos os países a impulsionarem a inovação e garantir maior efetividade das políticas públicas para a sociedade. 

 

No dia 3 de setembro, o evento promoveu o painel “Compras Públicas de Inovação”, que teve a participação de Rodrigo Corradi, Secretário Executivo Adjunto do ICLEI América do Sul. Contando também com a presença de Guilherme Johnston, Head de Parcerias Globais da Connected Places Catapult, Mara Souza, Chefe de Gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, e Andrea Motta, Diretora do UK-Brazil Tech Hub, o painel deu luz a uma das áreas mais delicadas da atividade logística que movimenta a Administração Pública e que influencia todo o ciclo socioeconômico.

 

“É um evento que trará discussões importantes sobre inovação, que é vital para o sucesso da implementação de cidades inteligentes” afirmou Cindy Parker, diretora de Ciência e Inovação para a América Latina da Embaixada Britânica no Brasil, na abertura da mesa de discussão. “Fico muito feliz ao ver, neste painel, os frutos da parceria entre o governo britânico e o Connected Places Catapult, trazendo grandes parceiros para a troca de experiências entre governos e indústrias” 

 

“Temos que qualificar o processo da compra pública”, acrescentou Rodrigo Corradi, Secretário Executivo Adjunto do ICLEI América do Sul. “Neste momento, em que a sociedade cobra cada vez mais poder de decisão de seu gestor, a perspectiva entre inovação e sustentabilidade devem estar extremamente conectadas para que faça sentido a compra pública.”  

 

 

O engajamento das cidades e empresas no setor da inovação  

 

Uma das grandes questões do evento foi discutir sobre a importância dos territórios na promoção de ações em prol da agenda climática e quais as barreiras e problemáticas existentes. Além das já conhecidas desigualdades, muitos governos locais encontram dificuldades para identificar quais são as necessidades da população ou contratar serviços e soluções.  

 

Ao apresentar o contexto e as razões que impedem muitas cidades brasileiras de se desenvolverem, Guilherme Johnston, Head de Parcerias Globais da Connected Places Catapult, também explicou um pouco da atuação da Catapult: “Nós buscamos acabar com as barreiras tanto do lado dos governos quanto das empresas, identificando os desafios e auxiliando o processo de compras públicas na inovação, por meio do reconhecimento e expansão de boas práticas nas cidades.” 

 

Ainda nesta temática, Andrea Motta, Diretora do UK-Brazil Tech Hub, trouxe o foco para o papel dos governos no desenvolvimento dos ecossistemas de startups: o de assumir riscos para que a inovação aconteça. 

 

“Não existe inovação sem diversidade. Isso deve ser prioridade no setor público” iniciou ela, ao explicar melhor sobre como a iniciativa Tech Hub fortalece os ecossistemas digitais no Brasil e apoia profissionais e empreendedores a criar serviços digitais e tecnológicos para lidar com os desafios do desenvolvimento e disparidades de acesso digital. 

 

“Parte do Programa de Acesso Digital e do Programa de Cooperação entre Reino Unido e Brasil, o UK Brazil Tech Hub contribui para que a economia se reconstrua da melhor forma neste momento que estamos vivenciando”, constatou ela. “… e criar essa cultura de relacionamento entre startups e governos é fundamental. Por meio de programas como o da Connected, é possível absorver os riscos, entender os desafios e realizar a busca entre as soluções dos atores envolvidos.”

 

Por fim, o governo da Bahia também contribuiu com a discussão, trazendo sua experiência com o Plano de Inovação do Estado. O documento propõe ações voltadas para infraestrutura e formação, como o Observatório de Ciência Tecnologia e Inovação e a Praça da Ciência, com o objetivo de oferecer oportunidades de emprego, recursos, entre muitos outros benefícios, à população.   

 

“No nosso Plano de Inovação do Estado da Bahia tentamos atuar em todos os setores que uma secretaria deve atuar, tendo como base o fortalecimento do fomento, da capacitação e da articulação entre diferentes atores do território”  afirmou Mara Souza, Chefe de Gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, ao apresentar algumas das ações presentes no plano.

 

 

Compras Públicas Sustentáveis

 

Fundamentado na energia renovável, o desenvolvimento circular mostra o papel crucial que o setor industrial exerce na redução das emissões para atingir o objetivo de zerar emissões líquidas a zero até 2050, em alinhamento ao Acordo de Paris. Por isso, é importante adotar um modelo de economia circular que transforme as cidades para que as mesmas atendam as necessidades de uma população global em crescimento.

 

“É essencial pensar em maneiras para engajar ações de desenvolvimento circular” compartilhou Rodrigo Corradi, Secretário Executivo Adjunto do ICLEI América do Sul, em sua apresentação na mesa de debate. “Desse modo, podemos incentivar que os governos locais entendam as melhores práticas a serem seguidas e compreendam que a ação de desenvolvimento circular está diretamente conectada com uma melhor compra, que não somente qualifique os componentes de transparência e inovação, mas que tenha na sustentabilidade o seu tripé de constituição”. 

 

Ele também destacou a experiência do Inventário de GEE da Bahia, que está sendo produzido em parceria com o ICLEI América do Sul e reúne dados sobre energia estacionária, transportes, resíduos, IPPU e AFOLU: “Temos que trabalhar a partir da lógica da construção de mecanismos de financiamento e de implementação que sejam complementares à ideia da baixa emissão de carbono, chamando a atenção sobre a emergência climática e a realidade que já temos no nosso país. Por isso, eu chamo a atenção para o Inventário de GEE da Bahia, que estamos fazendo de maneira participativa e tem o objetivo de melhorar a conexão da tomada de decisão dos governos locais e guias de sistemas circulares. Se não chamamos a atenção para a responsabilidade global, perdemos a oportunidade de pensar em ações coletivas e efetivas.” 

 

 

Parcerias e esforço coletivo

 

O evento também formalizou a parceria do ICLEI América do Sul com a Connected Places Catapult. Com o objetivo de ajudar no desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil, a parceria se deu com o lançamento do “Manual Procura + Um Guia para Implementação de Compras Públicas Sustentáveis”, um conteúdo que apresenta uma estrutura de ensino imersiva voltada a gestores. 

 

“A Connected Places Catapult tem sido uma presença ativa no Brasil, promovendo parcerias entre os nossos países e trazendo importantes impactos de inovação nas áreas relacionadas ao clima e cidades inteligentes” conclui Cindy Parker, diretora de Ciência e Inovação para a América Latina da Embaixada Britânica no Brasil. “É imprescindível que tenhamos estruturas robustas em compras públicas para garantir o bem-estar da sociedade e impulsionar novas tecnologias.”  

 

Além disso, o Governo da Bahia, que já é parceira do ICLEI América do Sul por conta do Inventário, também assinará acordo com a Catapult na área de inovação. A ideia é que, posteriormente, seja oferecida uma capacitação em conjunto com a Catapult sobre compras públicas sustentáveis para a área de inovação da Bahia. 

 

“É gratificante para o governo da Bahia estreitar nossos laços com o Reino Unido” comentou  Mara Souza, Chefe de Gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia. “Isso porque não víamos muitos municípios preocupados em implementar tecnologias para melhorar o bem-estar e saúde da população. E a secretaria incentivou que fizéssemos, construindo um projeto para aprofundar isso”.

 

Por fim, como elaborou Rodrigo Corradi, é importante ter em mente todo o contexto apresentado na temática de compras públicas para concretizar ações positivas no futuro, uma vez que o conceito e o contexto de compras públicas está “intimamente conectado com a perspectiva de um território sustentável”.

 

“Espaços como o que vamos encontrar na COP26 e a maneira como a sociedade avança nos mostram que é essencial decidir a maneira como precisamos avançar para acelerar o Acordo de Paris. Se não agirmos agora, teremos um mundo muito diferente do que o que conhecemos”, finalizou ele. 

 

 

 

Conheça mais sobre a Connected Places Catapult:

 

No Portal Connected Smart Cities, são difundidos diferentes conteúdos para cidades inteligentes e mobilidade que apresentem soluções, ideias e tendências para o desenvolvimento de cidades no Brasil. O objetivo é promover a discussão, a troca de informações e a difusão de ideias entre governo, entidades e empresas focando atender as necessidades do cidadão consciente, visando que as cidades brasileiras possam tornar-se mais inteligentes e conectadas. Além do evento, são oferecidos também:

 

  • Ranking Connected Smart Cities: Feito com o objetivo de mapear as cidades com maior potencial de desenvolvimento no Brasil, o Ranking Connected Smart Cities traz indicadores que qualificam as cidades mais inteligentes do país. O ranking possibilita uma visão mais clara com relação aos destaques e investimentos necessários nos centros urbanos brasileiro.

 

  • Prêmio Connected Smart Cities: reconhece e premia negócios inovadores que colaborem para que as cidades possam ser mais inteligentes. A premiação aceita a participação de qualquer pessoa jurídica com sede no Brasil, que apresente um negócio inovador que contribua com as necessidades do cidadão.

 

  • Learn Connected Smart Cities: tem como missão ajudar no desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil a partir do compartilhamento de conteúdo relevante, aliado a uma estrutura de ensino inovadora e imersiva.