ICLEI e CLP firmam parceria para aprimorar a formação de lideranças públicas no Brasil

As organizações realizaram o evento “O papel das lideranças públicas para a preservação da biodiversidade”

26 de maio de 2021

Crédito: Fernando Brasil/Unsplash

Com a intenção de aprimorar a formação de lideranças públicas brasileiras na defesa do meio ambiente e do desenvolvimento urbano sustentável o ICLEI América do Sul lança uma nova parceria com o Centro de Liderança Pública (CLP), organização que busca engajar a sociedade e desenvolver líderes públicos para enfrentar os problemas mais urgentes do Brasil.

Para marcar a aproximação, as organizações realizaram, no marco do Dia Internacional da Biodiversidade (celebrado em 22 de maio), o evento “O papel das lideranças públicas para a preservação da biodiversidade”, que discutiu a necessidade dos governos locais do país olharem com mais ambição para a agenda de biodiversidade.

 

Em sua fala de abertura, o secretário executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, citou a gravidade da perda de biodiversidade e da degradação dos serviços ecossistêmicos que acomete o mundo. Segundo o relatório Planeta Vivo, publicado pela WWF em 2018, nas últimas quatro décadas, populações de mamíferos, aves, répteis e peixes declinaram cerca de 60%.

 

“Não vamos reverter a perda se não tivermos lideranças públicas com visão e capacidade de tomar as medidas necessárias para isso”, afirmou Perpétuo, ressaltando a importância simbólica e programática da parceria lançada durante o evento. “Essa união pretende impulsionar o desenvolvimento de ações formativas que acreditamos serem um caminho efetivo de enfrentamento à crise climática que se impõe atualmente.”

 

O Head de Educação do CLP, Humberto Dantas, acredita que a agenda de sustentabilidade deve ser enxergada de maneira universal e não ideológica. “O que nasce aqui é a junção de duas organizações que carregam uma preocupação essencial em relação ao futuro da humanidade. Queremos trazer isso para o centro do debate a partir da formação de lideranças comprometidas e no impacto que elas têm em suas realidades”, observou. 

 

O Ranking de Competitividade dos Estados, lançado pelo CLP em 2011, é um instrumento que ajuda gestores a compreenderem melhor o país e o estado onde vivem, apoiando-os nas tomadas de decisão. Em 2020, o CLP replicou essa ferramenta para analisar a competitividade de 405 cidades brasileiras, todas com mais de 80 mil habitantes. Em 2021, esse levantamento municipal ganhará camadas de análise a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e dos critérios ESG (Environmental, Social and Governance).

 

“Isso significa que a competitividade abraça a causa ambiental”, afirmou Perpétuo. “É fundamental um olhar para o Ranking relacionado com os marcos globais de sustentabilidade, estimulando a aliança entre desenvolvimento econômico e preservação da natureza.”

 

Representante da Rede de Líderes de Meio Ambiente do CLP, Heloísa Fagundes, comemorou a potência da aproximação das organizações. “A questão ambiental é complexa e deve ser abordada de maneira transversal nos municípios. Através de nossa rede de líderes que atuam em todas as regiões do Brasil, trocando experiências nessa área, vejo muita potência nesta nova parceria”, apostou. “É cada vez mais importante nos unirmos para criar políticas públicas municipais escaláveis que protejam o meio ambiente.”

 

Preservar a biodiversidade tem um potencial enorme para estimular um desenvolvimento econômico e social que integre os territórios. Essa é a opinião da gerente de Biodiversidade e Desenvolvimento Circular do ICLEI América do Sul, Sophia Picarelli. “Falar de biodiversidade é falar de água, alimento, saúde, bem-estar, de tudo o que temos para poder viver e existir nesse planeta. Precisamos otimizar a nossa inteligência no uso da biodiversidade, principalmente no Brasil”, defendeu. 

 

Reforçar esse entendimento em lideranças públicas é crucial para que o novo marco pós-2020 da biodiversidade, que será adotado após a COP15 de Biodiversidade, a ser realizada em outubro deste ano na China, possa ser adotado por diferentes setores e atores da sociedade. “É preciso mostrar como a biodiversidade é a base de setores como transportes, energia, saúde e educação e deve ser incorporada como um critério fundamental de decisão, buscando caminhos de desenvolvimento que impactem cada vez menos o equilíbrio do planeta”, afirmou Picarelli.

 

O encontro contou também com a participação do secretário do Clima de Niterói (RJ), Luciano Paez. Associada ao ICLEI desde 2017, a cidade é uma das referências da Rede por suas ambiciosas ações climáticas, entre elas a criação de uma Secretaria do Clima e a participação no Programa de Aceleração de Unidades de Conservação do ICLEI América do Sul. 

 

O secretário elencou algumas ações que o órgão está colocando em prática como a capacitação de juventudes em mudança do clima; um programa de neutralização de carbono em uma comunidade, uma escola e um hospital da cidade; a elaboração de um plano de resiliência, adaptação e mitigação às mudanças do clima; e a realização do 1º Fórum de Mudanças Climáticas de Niterói, que reunirá diversos atores da cidade para discutir sobre a política climática municipal, entre outros.


O encontro também foi uma oportunidade de conexão para as redes do ICLEI América do Sul e do CLP, proporcionando trocas e oferecendo apoio para acelerar a implementação de soluções inovadoras na gestão pública. Encerrando o evento, o mediador Dal Marcondes, diretor da Agência Envolverde e membro do conselho consultivo do ICLEI América do Sul, qualificou como “sensacional” a parceria recém lançada, que fará o ICLEI “ampliar o alcance da sua expertise, conhecimento e capacidade de trabalhar parcerias em gestão pública”.