A luta pela conservação do meio ambiente nas cidades requer ações constantes e muitas vezes urgentes. A evolução contínua dos processos e movimentos nos centros urbanos povoados faz com que seja necessário que as autoridades e a população tenham consciência de que a dinâmica deve se adequar a todas as estratégias relacionadas ao cuidado com o meio ambiente.
Nesse sentido, as cidades do mundo veem a necessidade de buscar soluções para as diferentes dificuldades que o estilo de vida de suas populações hoje apresenta em relação à integração de aspectos como desenvolvimento sustentável e economia, cuidado com o meio ambiente e produtividade, modalidades verdes de transporte e infraestrutura nas cidades, entre outros.
A Colômbia, é claro, não está alheia a essas realidades. Embora seja um país megadiverso e com grandes tesouros naturais, seus centros urbanos e o desenvolvimento de suas cidades estão atrelados a dificuldades ambientais que, traduzidas em emissões, qualidade do ar e biodiversidade, produzem obrigações que devem ser cumpridas para se buscar um desenvolvimento sustentável que caminhe de mãos dadas com o meio ambiente.
É por isso que o ICLEI, através do projeto EcoLogistics – apoiado pelo Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha (BMU) por meio da Iniciativa Internacional do Clima (IKI) -, está apoiando as cidades em termos de transporte de carga de baixo carbono. Ao mesmo tempo em que se reconhece a importância da logística urbana, a iniciativa explora diferentes caminhos para tentar garantir que a logística tenha sempre em conta o contexto ambiental e não ignore a mitigação dos efeitos climáticos adversos que pode produzir.
No dia 1º de setembro, com aliados dos setores público e privado, o ICLEI Colômbia realizou o Workshop para a validação das Recomendações à Política Nacional de Logística Urbana (NELPR por sua sigla em inglês), no qual foi possível, após vários meses de trabalho, apresentar aos representantes dos setores público, privado e acadêmico, as recomendações para o padrão de logística urbana. Essas recomendações fazem parte de um documento que será entregue ao governo da Colômbia.
A importância desse tipo de iniciativa, segundo Jonathan Hernández, subdiretor de Mobilidade da Área Metropolitana do Vale do Aburrá, é que “essas recomendações são esforços tangíveis que acabam nas mãos de quem tem todo o poder de transformá-las em políticas”. Segundo Hernández, a formulação das recomendações também representa um ponto de entendimento para diferentes setores da sociedade.
Com efeito, segundo o que foi afirmado no workshop da consultora Imétrica, que desempenhou um papel fundamental na formulação das recomendações, a sua construção assentou na conjunção de três setores: público, privado e acadêmico. A metodologia de construção do documento que chegará ao governo nacional inclui a participação e contribuição da expertise desses setores para a busca de acordos que influenciem positivamente a logística urbana nas cidades do país.
Mónica Santa, diretora executiva do ICLEI Colômbia, incentivou os representantes das cidades presentes no workshop a unir forças e aproveitar o momento de formulação das recomendações para adaptá-las a seus contextos particulares. “Agradecemos o esforço conjunto de cidades como Manizales e Bogotá. A forma como as cidades têm trabalhado e feito propostas é fundamental para a abrangência deste projeto e esperamos que possa ser replicado em outros lugares.”
Entre as recomendações que chegarão ao governo da Colômbia estão a formulação de uma política para adquirir veículos de baixa emissão, desenvolver incentivos para quem faz mudanças em direção a tecnologias mais sustentáveis, estabelecer áreas “protegidas” nas cidades onde apenas veículos de baixa emissão podem transitar, incluir a logística de entrega de mercadorias nos Planos de Mobilidade e implementar uma figura institucional que se dedique à redução de emissões.
Cidades da América do Sul: Desenvolvimento de Baixo Carbono
O EcoLogistics tem sido uma dobradiça para o desenvolvimento de diferentes projetos em cidades da América do Sul relacionados ao transporte de baixo carbono. Santa Fé e Rosário, cidades argentinas, têm estado à frente dos processos para impulsionar o transporte de cargas de baixa emissão por parte do ICLEI, por exemplo. Prova disso são as Bicicletas de Carga, uma iniciativa para fazer com que o transporte de última milha aconteça em bicicletas ao invés de veículos que geram emissões.
Da mesma forma, a cidade de Medellín, na Colômbia, tem conseguido fortalecer seu programa EnCicla por meio de diferentes intercâmbios e encontros que tem tido com outras cidades do mundo graças ao ICLEI e ao EcoLogistics. As boas práticas de transporte baixo carbono têm conseguido chegar também a representantes da Área Metropolitana do Vale do Aburrá, entidade responsável pelo projeto EnCicla na cidade colombiana.
Como estas, também são realizadas outras iniciativas e conversas relevantes em distintos âmbitos da América do Sul, sempre com o objetivo de defender um desenvolvimento verde e sustentável.