Congresso do Meio Ambiente discute incentivo à pesquisa científica

A décima sétima edição do Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas contou com a participação do secretario executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo

27 de set de 2020

Crédito: Divulgação/Marcha pela Ciência

A décima sétima edição do Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas, realizada virtualmente nos dias 23 e 24 de setembro, teve como tema a “Participação social, ética e sustentabilidade”.

 

Ao longo dos anos, esse encontro se firmou com um dos mais relevantes para a área ambiental em todo o Brasil. Com suas mesas, personagens e discussões abrangentes, o Congresso vai muito além de uma visão regionalista e traz abordagens relevantes de norte a sul do país.

 

Uma discussão sobre “Políticas públicas para pesquisa em ciências ambientais” contou com a participação do secretario executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, além de Jarcilene Silva de Almeida, coordenadora da área de Ciências Ambientais da CAPES, e de Madelaine Venzon, professora da EPAMIG/FAPEMIG.

 

Venzon exaltou o trabalho da EPAMIG, que tem ajudado a criar soluções para os problemas existentes com o uso do agrotóxico. “Há uma constante reclamação de que a tecnologia não chega ao produtor. Dentro do nosso programa de agroecologia resolvemos atuar mais nessa área, sair da nossa zona de conforto e realizar projetos de popularização de tecnologias.”

 

Segundo ela, a FAPEMIG contribui muito para a área de ciências ambientais. Mas a queda de recursos e investimentos diminui muito a contribuição que pode ser dada à sociedade pelos pesquisadores, gestores e coordenadores.

 

Jarcilene de Almeida afirma que os projetos multitemáticos, com visão ecossistêmica e integraçãoo de diversas disciplinas, tem mais chances de serem escolhidos para receberem bolsas. “É um diferencial considerar temas emergentes, ampliar a participação de atores, ter transparência e ser fruto de uma construção coletiva.”

 

Para Perpétuo, em um momento em que o conhecimento passa a ser questionada como elemento para tomada de decisões em política ambiental, é necessário reafirmar o papel da ciência para qualquer processo de construção de políticas públicas.

 

“A ciência vive um impasse contemporâneo: de um lado, a ciência moderna que encontra lastro na quantificação, na perspectiva de priorizar aquilo que pode ser medido e verdades absolutas, é uma ciência da pós-modernidade, que busca a emancipação do ser humano a partir do saber.”

 

Perpétuo citou os cortes federais em todas as dinâmicas que contemplam pesquisa e desenvolvimento, a extinção de programas como o Ciências Sem Fronteiras e o sucateamento de instancias de ensino superior. “É uma falta de referência ética sem precedentes na história desse país”, afirma.

 

Ao trazer exemplos de como a ciência pode impactar na formulação de políticas públicas, ele ressaltou o papel fundamental da academia nesse processo. “É preciso que haja incentivo permanente dos governos estaduais e municipais na pesquisa e na participação da academia nas suas dinâmicas locais.”

 

Organizadores

 

O Congresso é uma realização da GSC Eventos Especiais com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho (IF Sul de Minas) e apoio institucional de Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e Universidade do Vale do Rio Verde (UninCor).