Parabéns às Finalistas da Hora do Planeta: O Desafio das Cidades

Pela primeira vez o Brasil está envolvido e aparece com três finalistas: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

25 de mar de 2014

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Criada pela Rede WWF há três anos, a iniciativa Hora do Planeta: Desafio das Cidades é uma forma de ir além da mobilização gerada pelo movimento global, com a conquista de compromissos concretos de redução do impacto do homem no clima. Cidades de 13 países foram convidadas a reportar dados relevantes, planos e ações com relação às suas emissões de carbono no Registro Climático de Cidades carbonn, administrada pelo ICLEI-Governos Locais pela Sustentabilidade.

 

Pela primeira vez o Brasil está envolvido e aparece com três finalistas: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Outras cinco cidades – Betim, Manaus, Porto Alegre, Fortaleza e Sorocaba, que têm projetos interessantes rumo ao desenvolvimento urbano sustentável, também concorreram. Além do Brasil na América do Sul, a Colômbia também participa do Desafio e está sendo representada por duas finalistas, sendo uma deles a cidade de Medellín. O município colombiano ganha destaque por ser uma cidade inovadora a nível nacional e pelo sistema de transporte integrado que utiliza combustíveis limpos.

 

Neste ano, o foco global da competição foram os investimentos em benefício da reestruturação das matrizes energéticas, em um movimento que priorize as fontes limpas de energia em detrimento daquelas originárias de combustíveis fósseis. Além dos municípios brasileiros e colombianos, concorrem na atual edição do desafio cidades da Bélgica, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia, Índia, Indonésia, Itália, México, Noruega e Suécia.

 

 

As cidades finalistas são avaliadas, a partir de critérios técnicos, por um júri internacional de especialistas. O anúncio da Capital Global da Hora do Planeta ocorrerá no final de março na cidade canadense Vancouver. Além da cidade vencedora pelo júri, será escolhida uma cidade por voto popular. As finalistas podem ser votadas no site global Amamos Cidades. Além de escolher a sua preferida, o internauta pode também encaminhar sugestões de melhorias que serão entregues a cada uma das participantes do concurso.

 

 

“Um dos primeiros critérios escolhidos para a participação das cidades no Brasil foi que elas tivessem ao menos uma primeira avaliação de emissão de gases de efeito estufa. Este concurso chama a atenção justamente para que as cidades façam um esforço de avaliação para a gestão municipal, pois além de gerar um ganho ambiental evidente, é também fundamental para a saúde pública. São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, as três cidades finalistas, têm ainda outras iniciativas sustentáveis não diretamente relacionadas às mudanças climáticas. Com o Desafio das Cidades, podemos colocar em evidência também essas outras atividades”, afirma o Superintendente de Conservação do WWF-Brasil Michael Becker.

 

 

O desafio anual às cidades tem o objetivo de estimular a criação e disseminação de melhores práticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas por meio de planos ambiciosos, holísticos, inspiradores e factíveis para o desenvolvimento de baixo carbono. Neste ano, o foco global da competição foram os investimentos em benefício da reestruturação das matrizes energéticas, em um movimento que priorize as fontes limpas de energia em detrimento daquelas originárias de combustíveis fósseis.

 

 

“Na plataforma do ICLEI, que é aberta e mantém informações disponíveis para todos, as cidades podem inserir dados sobre seus inventários de emissão de gases de efeito estufa, seus compromissos adotados por de reduções de emissões ou relacionados a energias renováveis e eficiência energética, e suas ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, explica Bruna Cerqueira, Coordenadora de Projetos e Membresia do ICLEI – Secretariado para América do Sul.

 

 

Ao participarem do “Desafio das Cidades da Hora do Planeta”, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo têm a oportunidade de disseminar informações sobre suas ações de combate às mudanças climáticas para diferentes públicos e em uma plataforma reconhecida mundialmente de acordo com padrões globais de relatoria climáticas, tornando seus dados comparáveis internacionalmente.

 

 

Confira, abaixo, o que cada uma dessas cidades fez para chegar à final nacional:

 

 

Belo Horizonte

 

 

 

Conhecida como a capital solar do país por possuir uma área de painéis de captação de energia do sol oito vezes maior do que a média nacional, a cidade mineira foi uma das primeiras a criar uma Secretaria Adjunta de Meio Ambiente. Atualmente, possui um Conselho Municipal de Meio Ambiente e um Comitê Municipal de Ecoeficiência e Mudanças Climáticas. Entre as questões tratadas está a gestão de resíduos sólidos. A cidade tem uma central de tratamento capaz de coletar gás metano e transformá-lo em energia que é negociada com o mercado de créditos internacional e com a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais).

 

 

“No que diz respeito às emissões de carbono, sabemos que a mobilidade urbana é a principal vilã de Belo Horizonte de acordo com nosso inventário. Por isso, estamos implementando cinco corredores de BRTs (Bus Rapid Transit, sistema de transporte de ônibus em faixas exclusivas), que ficarão prontos no final de março de 2014 e vão retirar um terço da frota que circula no centro hoje. Além disso, trocamos todas as lâmpadas dos semáforos da cidade por equivalentes em LED, que gera eficiência energética”, avalia Rodrigo Perpétuo, Secretário Municipal Adjunto de Relações Internacionais.

 

 

BH, como é carinhosamente chamada, também tem um amplo trabalho com os catadores de resíduos e opera uma usina de reciclagem de entulho da construção civil. De acordo com o Secretário, ser finalista do Desafio das Cidades é o reconhecimento de que as políticas públicas implementadas em relação ao desenvolvimento sustentável estão no caminho certo. Como qualquer grande metrópole, a meta é ousada, mas o Desafio das Cidades gera estímulo para a prefeitura e enche o cidadão de orgulho.

 

 

Rio de Janeiro

 

 

Não é apenas de grandes eventos (como as Olimpíadas, Copa do Mundo ou a Jornada Mundial da Juventude) que sobrevive o Rio de Janeiro. A cidade é também referência na área de mudanças climáticas e já tem três Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Em 2011, foi instaurada a Política de Mudanças Climáticas que estabelece metas ambiciosas de redução de emissões para 2016 (16%) e 2020 (20%).

 

 

Para alcançar os objetivos, a cidade se baseia em uma reestruturação do modelo de transporte público da cidade, com os corredores de ônibus BRT e os BRS’s, coletivos que trafegam em faixas exclusivas e em pontos fixos pelas principais vias da Zona Sul, Centro e Tijuca. Isto reduz o número de automóveis nas ruas e diminui o tráfego. As obras do metrô e a ampliação da malha cicloviária também vão ajudar na redução das emissões de gases de efeito estufa, assim como a Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica, que permitiu fechar o Aterro de Gramacho.

 

 

“O Desafio das Cidades chega em um excelente momento. Essa mobilização é importante porque permite maior conscientização, debate, alerta para a sociedade para os grandes desafios que estamos enfrentando, como bolsões de pobreza, mudanças climáticas e transporte. Vejo com muita alegria esse esforço e a cidade do Rio de Janeiro está trabalhando para ser uma das escolhidas como Capital Nacional da Hora do Planeta, se não agora, em alguma breve oportunidade”, diz Nelson Moreira Franco, Gerente de Sustentabilidade da Prefeitura do Rio de Janeiro.

 

 

Em parceria com o WRI, o C40 e o ICLEI, o Rio de Janeiro participou das reuniões para a criação de um padrão global de inventário de emissões de carbono, que ainda está em fase de testes.

 

 

São Paulo

Pioneira no País quando o assunto é uma legislação específica de clima, a cidade de São Paulo atualmente se preocupa em melhorar a mobilidade urbana, com objetivos estabelecidos pelo Plano de Metas 2013-2016. Entre eles, estão o plantio de 900 mil mudas de árvores nativas e a capacitação ambiental de 170 mil cidadãos. Dona de um inventário de gases de efeito estufa realizado em 2005, termina em janeiro de 2014 o seu segundo exemplar do tema.

 

 

A Política Municipal de Mudanças Climáticas, sancionada em 2009, tem entre suas diretrizes a “promoção do uso de energias renováveis e substituição gradual dos combustíveis fósseis por outros com menor potencial de emissão de gases de efeito estufa, excetuada a energia nuclear”, além, por exemplo, da priorização pelo transporte coletivo em detrimento do individual.

 

 

“Esta eleição de São Paulo como um dos finalistas do ‘Hora do Planeta: o Desafio das Cidades’ é importante pela pujança do município, um dos maiores do mundo. Qualquer ação na área ambiental traz melhor qualidade de vida para a população. São Paulo tem muitos problemas de poluição, portanto, quanto mais trabalharmos nestas questões, mais teremos a ganhar em todos os setores”, avalia Evaldo Reis, Diretor do Departamento de Parques e Áreas Verdes da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

 

 

 

E São Paulo está mesmo encarando o desafio. Além dos projetos citados, há ainda o programa de inspeção veicular, importante para controlar as emissões de carros, e o Plano Integrado de Gestão de Resíduos Sólidos, que aborda a reciclagem e logística reversa.