Para incluir uma perspectiva das juventudes na elaboração dos Planos Locais de Ação Climática do Recife (PE) e de Fortaleza (CE), o “Workshop das Juventudes – Construção do Plano Local de Ação Climática”, elaborado pelo ICLEI América do Sul, com apoio de movimentos locais, mobilizaram participantes de 15 a 30 anos para a discussão em torno da questão: “O que é mais importante destacar no plano de ação para o clima na sua cidade?”
A partir do debate, os jovens definiram proposições que orientam diretrizes e ações a serem integradas no documento final do estudo, sujeitas à validação e adaptação após revisão do ICLEI e dos pontos focais das cidades.
Os encontros virtuais, realizados com representantes do Recife, no dia 20 de agosto, e de Fortaleza, no dia 27, resultaram em propostas focadas na sensibilização das juventudes por meio da educação ambiental, a redução da desigualdade social como norteadora de políticas para um planejamento inclusivo, o consumo consciente aliado à uma gestão aprimorada de resíduos e a importância de ações intersetoriais entre o poder público, a sociedade civil e as organizações da cidade.
Workshop com jovens do Recife, no dia 20 de agosto.
“Como quem irá vivenciar em seu maior grau os impactos da mudança do clima e de todas as outras ameaças à sustentabilidade, as juventudes não podem ser ignoradas. O ICLEI entende esse desafio e trabalha ativamente desde 2017 na capacitação e na inclusão das juventudes em diversos processos de tomada de decisão e de construção e implementação de soluções para responder aos desafios do desenvolvimento urbano sustentável das cidades e governos locais associados a sua rede.” declarou Armelle Cibaka, consultora da frente Líderes do Futuro do ICLEI América do Sul.
O envolvimento dos jovens nas atividades e projetos desenvolvidos pelos governos garante que as novas relações entre os indivíduos, as instituições e o ecossistema não ameacem o direito das gerações futuras de suprirem suas próprias demandas e necessidades para uma melhor qualidade de vida. A atuação dos jovens é de tamanha importância que, em resposta à recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude em 1998, dia 12 de agosto foi declarado pela Assembleia Geral da ONU em 1999, o Dia Internacional da Juventude.
Leta Vieira, representante da prefeitura do Recife, considerou o momento de troca e escuta com a juventude da cidade como o mais marcante de todo o processo de construção do Plano Local de Ação Climática. “É com uma juventude ativa, atenta, reivindicadora e esclarecida que construiremos um Recife inclusivo, ambientalmente equilibrado, de carbono neutro e resiliente à mudança climática.”
Para Cássia Cavalcante, da Célula de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas de Fortaleza, o workshop foi um momento propício para que a juventude local pudesse se inserir em espaços de tomada de decisão e de desenvolvimento de soluções. “Ademais, engajar os jovens nos processos políticos que envolvem a definição de uma agenda climática deve estar sempre em prioridade, proporcionando um incentivo para que eles venham a ocupar espaços estratégicos com ideias inovadoras e criativas.”
“É urgente a criação de espaços reais de fortalecimento dessas pautas, voltados especificamente para a participação popular das juventudes”, observou Symone Falcão, 27 anos, membro do Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Recife. “Isso porque pude perceber que estamos abertos a potencializar a capacidade de apoio à gestão climática da cidade, por meio do protagonismo jovem.”
Para ela, a articulação comunitária para disseminação de informação é fundamental na ação climática, mas é necessário o apoio da gestão local e de diferentes setores para que isso se concretize. “Afinal, as populações mais vulneráveis aos efeitos causados pelas mudanças do clima também são aquelas que estão em vulnerabilidade social, resistindo e criando mecanismos de sobrevivência. Portanto, a ação climática necessita promover principalmente a justiça socioambiental na cidade do Recife”, encerrou Falcão.
“O principal público que realmente consegue enxergar a mudança climática com a devida urgência, é a juventude. Os jovens realmente conseguem entender que a ação deve ser local, individual, coletiva e sem demora! Por isso, ouvi-los no processo do Plano Local de Ação Climática das cidades, é essencial” Camila Chabar, coordenadora de Mudança do Clima do ICLEI América do Sul, comentou sobre o processo.
O “Workshop das Juventudes – Construção do Plano Local de Ação Climática” foi uma iniciativa proposta pelo ICLEI América do Sul, por meio do projeto Urban-LEDS II, que visa tornar as estratégias de desenvolvimento de baixa emissão uma parte fundamental da política e planejamento urbano nas cidades, e da linha de atuação “Líderes do Futuro”, que desde 2017 desenvolve atividades para a capacitação, a sensibilização e a inclusão das juventudes à agenda de sustentabilidade.