ICLEI anuncia cidades selecionadas para projeto de frete urbano de baixo carbono

Na Argentina, as cidades de Rosário e Santa Fé foram selecionadas e, na Colômbia, foram contempladas Bogotá, Manizales e Valle de Aburrá

25 de jun de 2018

Representantes de governos da Argentina, Colômbia e Índia presentes à reunião do Projeto EcoLogistics, em Montreal.

Durante o Congresso Mundial ICLEI 2018, em Montreal, foram anunciadas as cinco cidades sul-americanas da Rede ICLEI que serão apoiadas pelo projeto internacional EcoLogistics: Transporte de Carga Baixo em Carbono para Cidades Sustentáveis que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento de soluções sustentáveis para o frete urbano, impactando políticas e planos nacionais e locais para o setor de frete urbano. Na Argentina, as cidades de Rosário e Santa Fé foram selecionadas e, na Colômbia, foram contempladas Bogotá, Manizales e a Área Metropolitana do Valle de Aburrá, região metropolitana de Medellín.

 

Atualmente, o frete urbano representa até 25% dos veículos nas cidades, ocupa 40% do espaço rodoviário motorizado e contribui com até 40% das emissões de CO2 relacionadas ao transporte urbano. O frete urbano inclui uma ampla variedade de serviços, desde caminhões de coleta de lixo até caminhões de construção ou caminhões comerciais. Hoje, um número crescente de cidades está incluindo o frete urbano em seus planos para reduzir suas emissões.

 

Financiado pela Iniciativa Climática Internacional do Ministério Federal do Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear (IKI/BMU), o projeto envolverá governos da Argentina, Colômbia e Índia para abordar essa questão, pelos próximos quatros anos (2018-2021). Neste período, as cidades participantes receberão apoio técnico e metodológico para desenvolver diagnósticos atualizados a respeito do transporte urbano de cargas, introduzir ferramentas de monitoramento de emissões no setor, e estabelecer grupos de trabalho multiatores para discussão. No horizonte do ano de 2021, o objetivo é que as oito cidades tenham implementado projetos piloto demonstrativos, reúnam informações para analisar tendências futuras e que, por fim, possam desenvolver e/ou influenciar a elaboração de políticas locais e nacionais para endereçar o tema, alinhadas com as políticas de clima e resiliência. Na América do Sul, o projeto conta com a parceria da consultoria Despacio.

 

Implementar uma iniciativa como essa em dois países da América do Sul é de extrema relevância, uma vez que se configura como uma das regiões com maiores taxas de urbanização e crescimento expressivo de regiões metropolitanas na última década, afirma o gerente de mudança climática do ICLEI América do Sul, Igor Reis de Albuquerque. “Os fluxos entre as regiões e a demanda por serviços de logística têm crescido, e impactam não somente os níveis de emissões de GEE, mas também a economia e o bem-estar dos cidadãos”, explicou Albuquerque. Envolver cidades capitais, pólos econômicos e regiões metropolitanas populosas, como o caso de Bogotá, Manizales e Valle de Aburrá, e hubs logísticos de regiões portuárias ou de produção agrícola, como é o caso de Rosário e Santa Fé, é muito importante não apenas para desenvolver políticas e projetos pilotos, mas também para levar a temática do transporte sustentável para um setor que não incorporou integralmente essa perspectiva. “O EcoLogistics é importante, principalmente, por trazer o aspecto do planejamento de forma integrada junto com governos nacionais, para que as questões de frete e logística urbana não fiquem simplesmente circunscritas a uma região, mas que possam ser ampliadas no território”.

 

Mundialmente, identifica-se que o setor de transportes representa com maior frequência o setor mais intensivo em emissões de gases de efeito estufa no contexto urbano, como é o caso da cidade argentina de Santa Fé. Ao identificar esse diagnóstico, Pablo Tabares, diretor da agência de cooperação, investimento e comércio exterior de Santa Fé, quer explorar as sinergias entre o setor de transporte de cargas com os planos de resiliência e gestão de riscos já desenvolvidos pela cidade: “Queremos aproveitar outras experiências, que vão nos permitir operar sobre os diagnósticos que temos do setor”, afirmou. Identificar boas práticas e diretrizes internacionais sobre transporte de carga urbano também é uma das motivações da Área Metropolitana do Valle de Aburrá (AMVA) para fazer parte. “Nossa participação neste projeto permitirá, em primeiro lugar, colocar no centro do tema a questão da saúde; em segundo lugar, a questão da qualidade do ar, tema central do nosso plano integral PIGECA e; em terceiro lugar, as maneiras de mobilizar o tema de transporte de carga em nosso território”, explicou Pablo Maturana, subdiretor de cooperação e convênios da AMVA, que é a autoridade ambiental e de transportes para os 10 municípios da região metropolitana de Medellín.

 

Para as cidades de Bogotá e Rosário, o projeto é uma oportunidade de aumentar a eficiência do transporte de bens e serviços que são essenciais para a população e economia locais. “Para Bogotá, é essencial desenvolver ações coletivas que melhorem as condições de mobilidade e aumentem a eficiência logística, envolvendo a participação de atores privados e públicos trabalhando conjuntamente”, disse Ricardo Sampaio, coordenador de logística urbana da Secretaria de Mobilidade de Bogotá. “Para alcançar estes objetivos, é fundamental contar com a experiência internacional e know-how do ICLEI”.

 

A cidade de Rosário, que representa um importante centro logístico por ser uma região portuária, principalmente para escoamento da produção de grãos, quer abordar a questão do transporte de cargas urbano principalmente pelo enfoque metropolitano. “Atraímos uma quantidade de viagens maior do que a que geramos, então a dinâmica e visão metropolitana é muito importante para nós, principalmente com relação ao transporte de grãos que chegam a nosso porto”, declarou María Cecilia Alvarez, subsecretária de meio ambiente de Rosário.

 

O Congresso Mundial ICLEI marcou o início oficial do projeto, quando representantes das cidades selecionadas reuniram-se pela primeira vez, para compartilhar o status inicial de suas cidades com relação à ecomobilidade e transporte de carga urbana.

 

Saiba mais sobre o Projeto EcoLogistics

Tags: