São Francisco Xavier, distrito da Cidade de São José dos Campos, tem uma razão importante para comemorar o Dia da Água que se aproxima: o dia em que as águas dos Martins passaram a ser cuidadas. Águas que desaguam no Rio Peixe, um dos principais afluentes do Rio Paraíba do Sul; que logo mais, abastecerá o sistema Cantareira em SP.
Desde setembro de 2015, o Projeto Protegendo as Águas vem atuando no bairro dos Martins, comunidade rural no distrito de São Francisco Xavier, São José dos Campos.
Escolhido para receber as instalações de sistemas de reciclagem de água, em 5 meses foram executadas oficinas, rodas de conversa e muito trabalho árduo em torno do processo de tratamento. 7 famílias receberam 6 sistemas de reciclagem de água, compostos por fossa séptica, ciclos de bananeira e vermifiltros.
Diferente dos 10% de brasileiros que não tem água com qualidade para beber, São Francisco Xavier ainda é considerado um manancial de água boa, e os Martins a tem no próprio quintal. De acordo com a Pnad (2011), o setor de saneamento no Brasil apresenta 37,4% de não ligação com redes de esgotos (23 milhões de casas, 70 milhões de pessoas) e para completar, segundo o IBGE (maio de 2012), 11% dos domicílios estão em áreas com esgotos a céu aberto. Essa era a realidade encontrada pela equipe do projeto. Mesmo com condições privilegiadas de oferta de água, a falta de tratamento das águas servidas (águas cinza e preta) são causas de degradação e doenças em todo o país. Com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental na região do Vale do Paraíba, as águas dos Martins agora são tratadas.
Histórico
Ao deparar-se com a realidade dos Martins, Fabiana (Bia) Pureza, responsável técnica do projeto, convidou o engenheiro civil Guilherme Castagna, especialista que se dedica a projetos de sistemas inovadores de manejo integrado de água, comprometido em auxiliar comunidades no empoderamento das águas para trabalhar com a comunidade. Como facilitadora e interlocutora com a comunidade, Bia conquistou a confiança dos moradores e o carinho das crianças o que tornou o trabalho compensador. “Trabalhar com os Martins foi muito especial, relata Guilherme, foi bem diferente por ser uma comunidade muito pequena onde praticamente todos tem uma relação familiar. Mesmo assim, eles foram extremamente receptivos em todos os sentidos. O nosso papel foi de facilitadores, nós apresentamos as tecnologias possíveis de serem implantadas com as suas variantes, tanto no sistema construtivo, como no de disponibilidade de recursos e até mesmo de manutenção. Apresentamos vários modelos e a comunidade escolheu o que achou melhor pra eles e nós ficamos muito satisfeitos com a escolha”.
Capacitação, propagação e geração de renda
Para instalar todo o sistema foram convidados o Chico e André, moradores que já tinham experiência em construção civil e que foram capacitados e supervisionados por Guilherme Castagna, fato que gerou novas oportunidades de renda e trabalho. Hoje, os dois estão contratados para executar e implantar o sistema em uma residência rural que não é atendida pela SABESP e o conhecimento está sendo replicado.
Por Patricia Loco.
Fonte: Jornal GGN