Consórcio Intermunicipal Grande ABC lança Primeiro Inventário Regional de Gases de Efeito Estufa

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC aderiu ao compromisso do Compacto de Prefeitos em novembro de 2015

19 de dez de 2016

Reprodução

Consórcio Intermunicipal Grande ABC lançou, na última sexta-feira (16), seu Primeiro Inventário Regional de Emissões de Gases de Efeito Estufa, elaborado com apoio técnico do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade.

 

 

O estudo sobre o perfil de emissões e setores prioritários para ação da Região do Grande ABC, composta por sete municípios (Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul) foi lançado um ano após os prefeitos do Consórcio aderirem ao movimento global do Compacto de Prefeitos, que reúne líderes locais para fazer frente às mudanças climáticas. Este é um dos primeiros inventários regionais no Brasil elaborado com a metodologia Protocolo Global para Inventários de Emissões de GEE na escalada da Comunidade (GPC), desenvolvida pelo ICLEI, WRI e C40.

 

 

“Estamos deixando um grande legado para a região e um aprendizado para outros municípios” afirmou Hamilton Lacerda, Diretor de Programas e Projetos do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, sobre o estudo. Ele reconheceu a importância do trabalho no atual contexto de urgência para a ação local pelo clima e agradeceu o trabalho realizado pelo ICLEI, destacando o papel de formação e sensibilização da organização.

 

 

 

Adaptar-se aos impactos negativos que já são sentidos no território e se planejar para reduzir as emissões de GEE não são tarefas simples para as prefeituras, afirmou o Secretário de Meio Ambiente de São Bernardo do Campo, João Ricardo Guimarães Caetano. “Tal é o leque de problemas e dificuldades que enfrentamos diariamente, que parece uma agenda pouco factível e que não está presente no dia a dia das prefeituras”. Ele avaliou que a temática vinha sendo tratada com mais ênfase pelas prefeituras das capitais e grandes cidades, porém ele vê uma mudança neste panorama, e a migração do debate sobre o enfrentamento à mudança climática para um universo maior de municípios. Para Debora Diogo, coordenadora do GT Defesa Civil, que participou da elaboração do Inventário, a Região do Grande ABC também já sente os impactos das alterações climáticas como qualquer outra grande metrópole, como a ocorrência mais frequente de enchentes e alagamentos, por exemplo, e portanto precisa se planejar e agir.

 

 

 

João Ricardo comemorou o lançamento do Primeiro Inventário Regional como um importante instrumento para tomada de decisão em diversos setores e atividades econômicas. “Esse trabalho só foi possível por conta da articulação de todas as prefeituras, e não seria possível realizá-lo individualmente”. Outro aspecto que foi relevante para o sucesso do estudo foi o envolvimento de Grupos Temáticos de diversas áreas disciplinares e de todas as prefeituras que integram o Consórcio para o levantamento de dados e informações, análises dos resultados e identificação das ações prioritárias. Debora Diogo, coordenadora do GT Defesa Civil, destacou o pioneirismo desta iniciativa para a integração regional entre os municípios. “É uma ação muito importante e muito rara no Brasil e no mundo”.

 

 

 

 

Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do ICLEI para América do Sul, ressaltou que a iniciativa é pioneira na maneira como estabeleceu um modelo de governança que resultou em um planejamento estratégico para os setes municípios, e que pode servir de exemplo para outros grupos consorciados nacional e internacionalmente.

 

 

O lançamento do Inventário também propõe a análise sobre qual o modelo de desenvolvimento econômico que a Região vai querer construir. “Há cidades pelo mundo que estão proibindo o uso de combustível diesel, limitando a circulação de carros e até mesmo interditando o acesso a carros em muitas vias. A Região do ABC historicamente tem uma indústria com forte ênfase na produção de automóveis, mas o rumo do desenvolvimento está mudando. Qual é o futuro nós estamos mirando?”. Para Rodrigo Perpétuo, este Inventário também pode pautar a estratégia e a visão de planejamento econômico.

 

 

Principais resultados

Conhecida como um dos principais polos industriais e econômicos do País, principalmente ligado às indústrias automobilística, química e metalúrgica, a Região do Grande ABC apresentou um perfil de emissões fortemente relacionado às atividades industriais e de logística.

 

 

Segundo dados do Primeiro Inventário Regional de Emissões de GEE, os municípios que integram o Consórcio lançaram aproximadamente 9,8 milhões de toneladas de CO2e no ano de 2014.

 

 

Dos três principais setores analisados (Energia estacionária, Transportes e Resíduos) o de Transportes foi o mais representativo em todos os municípios e no grupo como um todo, sendo responsável por mais da metade (60%) das emissões da Região naquele ano. Em seguida, foi o setor de Energia Estacionária, com 27%, e Resíduos, com 13%.

 

 

Com relação ao setor de Energia Estacionária, que mensura o consumo de energia de fontes não-móveis, geração de energia e fugas emissivas, o gás natural destacou-se como o principal combustível fóssil do qual provém as emissões, relacionado com a atividade industrial.

 

 

Dentre os sete municípios do Consórcio, São Bernardo do Campo foi o que apresentou maior quantidade de emissões, seguido por Santo André. Estes municípios que possuem maior número de habitantes, o que influencia a proporção maior de emissões.

 

 

Além do Inventário, o Consórcio lançará nos próximos dias o seu Plano de Ação de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, elaborado em parceria com o ICLEI. O estudo foi conduzido pelo gerente de mudanças climáticas do ICLEI, Igor Albuquerque.

 

 

Acesse a publicação na íntegra com os resultados consolidados do Inventário.

 

 

Contexto

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC aderiu ao compromisso do Compacto de Prefeitos em novembro de 2015, e a elaboração de um inventário de emissões é o primeiro compromisso voluntário exigido no âmbito da iniciativa global.

 

 

A partir do comprometimento inicial das lideranças políticas dos setes municípios, foi realizada uma série de reuniões e workshops com os gestores e técnicos, em parceria com ICLEI, para identificar as principais demandas da regiões, realizar o levantamento de dados e definir as prioridades de ação. Para a elaboração da estratégia climática da Região, foi utilizada a metodologia GreenClimateCities (GCC), concebida pelo ICLEI, que estabelece um roteiro passo a passo para para o desenvolvimento de uma estratégia de baixo carbono pelos governos locais.

 

 

O Inventário é apenas o primeiro passo no âmbito da iniciativa do Compacto, explicou Vanessa Valente, coordenadora do Grupo Temático Mudanças Climáticas do Consórcio, anunciando que nos próximos dias o Consórcio também contará com um Plano de Ação que estabelece o plano operacional, metas de médio e longo prazo, ações para mitigação e adaptação às mudanças climáticas.