Nesta quarta-feira, 5 de maio, Porto Alegre (RS) deu o segundo passo na caminhada para atualizar seu Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), responsável pela identificação das principais fontes emissoras no território e por calcular a quantidade total de GEE emitida na cidade.Â
O processo de revisão do plano diretor municipal indicou a necessidade da capital gaúcha atualizar também o seu inventário de emissões. Dando continuidade à discussão realizada no primeiro workshop – que sensibilizou os participantes em torno desta temática -, os atores locais foram introduzidos ao Protocolo Global para Inventários de Emissões de GEE na Escala da Comunidade (GPC), metodologia desenvolvida pelo ICLEI em parceria com a C40 e o WRI, e à plataforma Climas, ambas utilizadas para o abastecimento do documento climático. O workshop foi organizado pelo ICLEI, com o apoio da Prefeitura da cidade, da WayCarbon e da EcoFinance.
De acordo com a Roda de Ação Local pela Biodiversidade, metodologia criada para facilitar a criação e implementação de ações locais para a biodiversidade, a elaboração de um Inventário de GEE é a terceira etapa de um total de nove passos em direção ao desenvolvimento urbano resiliente e de baixo carbono, sendo responsável por definir uma linha de base a partir da qual a cidade poderá planejar sua estratégia de combate à crise climática e direcionar com mais efetividade os esforços de mitigação e adaptação.
GPC
O Protocolo Global para Inventários de Emissões de GEE na Escala da Comunidade (GPC) é uma metodologia desenhada especialmente para cidades e governos locais para dar consistência e gerar credibilidade a este material, estimulando a transparência no acesso à dados e possibilitando a comparação entre os diversos inventários realizados ao redor do mundo.
Entre os princÃpios do GPC estão:
• Relevância:
o inventário deve refletir apropriadamente as emissões de GEE de áreas sob as quais o governo local exerce controle e tem responsabilidade;
• Abrangência:
todos os GEE e as atividades que causam emissões dentro das fronteiras escolhidas para o inventário devem ser contabilizadas;
• Consistência:
metodologias consistentes para identificar as fronteiras, coletar e analisar os dados e quantificar as emissões;
• Transparência:
questões relevantes devem ser consideradas e documentadas de maneira objetiva e coerente para fornecer um rastro para futuras revisões e replicações;
• Exatidão:
a quantificação das emissões não devem ser sistematicamente sub ou superestimadas.
Neste processo, é preciso também definir os limites geográficos que serão cobertos pelo documento climático, além do perÃodo que será inventariado e as fontes de emissão e gases que serão considerados – o GCP tem capacidade de identificar os gases monitorados pelo Protocolo de Kyoto: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbono (HFC), perfluorcarbono (PFC) e hexafluor sulfúrico (SF6).
As fontes de emissão também são calculadas a partir de cinco setores macro: Energia Estacionária, Transportes, ResÃduos, Processos industriais e uso de produtos (IPPU) e Agricultura, silvicultura e outros tipos de uso do solo (AFOLU). Tais fontes são divididas em três escopos, de acordo com a imagem a seguir:
Para os cálculos das emissões, são utilizadas como referência as diretrizes do IPCC. Saiba mais detalhes aqui.
Os resultados obtidos através da metodologia GPC devem ser reportados utilizando duas abordagens complementares: as emissões por escopo e as emissões induzidas pela cidade, que levará em conta quais emissões foram de fato causadas pela cidade.
Após a publicação do relatório final, a cidade deve utilizar o Sistema Unificado CDP-ICLEI para dar mais visibilidade aos resultados obtidos e apoiar na avaliação do impacto das emissões em todo o mundo. O mês de abril deu inÃcio ao ciclo de reportes 2021 da plataforma, conectada ao Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia, que utiliza esses dados para certificar as cidades através de seu sistema de medalhas.
Climas
Elaborada pela WayCarbon e utilizada para apoiar as cidades associadas ao ICLEI América do Sul a desenvolverem seus inventários, a plataforma Climas consiste em uma base de dados relacionados ao uso de energia, recursos e insumos, juntamente com outros dados relevantes, cujo entendimento ajuda as instituições a tornarem suas operações mais eficientes e sustentáveis.
Os desafios relacionados à gestão dos dados de emissão, como erro nos cálculos e falta de rastreabilidade, foram o ponto de partida para a elaboração da ferramenta, que permite que os governos subnacionais ganhem eficiência, confiabilidade e segurança de dados. De acordo com pesquisa de satisfação realizada com usuários do Climas em 2017, o aumento na eficiência do trabalho relacionado ao reporte é de 60%. Conheça mais detalhes da plataforma aqui.
Em 2020, o ICLEI América do Sul elaborou, em parceria com cidades de sua rede, três Inventários de Emissões de GEE utilizando tanto a metodologia GPC como a plataforma Climas: Recife (PE), Betim (MG) Contagem (MG), Sorocaba (SP) e Canoas (RS).
Próximos passos
Para a continuidade da atualização do inventário de Porto Alegre estão as seguintes atividades: consolidação dos cálculos; reunião de validação dos resultados com o grupo de trabalho; e a elaboração dos relatórios parciais por setores.