Seminário online discute o papel dos governos locais diante da crise do novo coronavírus

Organizado pela parceria entre o Observatório de Cooperação Descentralizada e a Aliança Eurolatinoamericana de Cooperação entre Cidades (AL-LAs), evento foi o segundo de uma série de webinars que discutem o impacto da pandemia de Covid-19 nos espaços urbanos.

15 de maio de 2020

Crédito: Macau Photo Agency

O webinar “O papel da ação internacional dos governos locais e a cooperação descentralizada diante da crise gerada pela Covid-19” aconteceu no dia 12/05 e reuniu representantes de governos locais e de redes de cidades, além de especialistas na temática, que compartilharam sua visão do atual momento que a humanidade atravessa.

 

O evento, que teve mais de 150 participantes virtuais, foi o segundo seminário organizado pela parceria entre o Observatório de Cooperação Descentralizada e a Aliança Eurolatinoamericana de Cooperação entre Cidades (AL-LAs).

 

Octavi de la Varga, secretário geral da Metropolis, rede que conecta cidades e regiões metropolitanas em todo o mundo, acredita que a crise atual pode fortalecer o princípio da cooperação entre as cidades, deixando para trás o espírito competitivo. “Vejo uma articulação entre plataformas e redes que em outros momentos não tinha acontecido. É um instinto de cooperação como resposta para a necessidade que temos.”

 

Para ele, a emergência imposta pela Covid-19 permite fazer uma releitura das prioridades da agenda global e até mesmo remodelá-las para que tenham maior impacto local. “É preciso evoluir das cidades produtoras e consumidoras para as cidades que tenham como centralidade a cidadania.”

 

Representante do ACI Medellín, Eleonora Betancur afirma que, na Colômbia, os prefeitos estão ganhando um protagonismo cada vez mais relevante. “Os governos locais estão na primeira linha de combate à pandemia, dando respostas e propondo soluções. Vamos mostrar que eles são um ator chave, que muitas vezes está em contraposição com os estados nacionais.”

 

A reflexão sobre a governança entre os diferentes níveis de governo torna-se cada vez mais fundamental, de acordo com Felipe Llamas, do PHARE Territorios Globales. “Naqueles países onde os governos federais são negacionistas, os governos locais serão os maiores responsáveis por defender a vida. Dentro da governança mundial, é preciso repensar o papel do governo local.”

 

O secretário executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, observa que as crises expõem fragilidades e têm impacto maior justamente naqueles que mais necessitam do apoio de políticas públicas. “Nos últimos anos, temos escutado críticas ao papel do estado, uma forte tendência ao neoliberalismo. Mas não podemos abrir mão de um estado minimamente forte, que tenha capacidade de ajudar os mais vulneráveis.”

 

Perpétuo avalia que os governadores e prefeitos do Brasil têm assumido uma dupla responsabilidade: a de exercer seu trabalho local e regional e a de fazer um contraponto político ao governo federal. “As cidades precisam de mais protagonismo e voz, para podermos avançar em coalizões com os governos locais e, mais amplamente, seguir em frente com as agendas globais de sustentabilidade necessárias aos territórios.”