A última semana de maio foi marcada pela participação ativa das cidades da América Latina em debates globais sobre resiliência e adaptação. Entre os dias 27 e 29 de maio, a cidade de Guayaquil, Equador, sediou a IV Sessão da Plataforma Regional para Redução de Risco de Desastres das Américas, que ocorre de dois em dois anos e dedica-se ao intercâmbio de informações e conhecimento, à promoção de processos de planejamento, tomada de decisão coletiva e estratégica, e ações para incrementar a implementação do Marco de Ação de Hyogo para Redução de Riscos de Desastres (MAH), adotado por Estados no âmbito das Nações Unidas.
As discussões esse ano tiveram significado especial por servirem como contribuição à revisão do MAH, prevista para a Conferência Mundial sobre Redução de Riscos de Desastres em Sendai, em março de 2015. As Cidades Latino-Americanas marcaram forte presença e unidas declararam “La resiliencia se construye desde abajo. Somos las ciudades, sus gobiernos y su sociedad civil, los que nos enfrentamos a estos desafíos y quienes debemos incorporar estas capacidades para reducir los riesgos de desastres.” Pediram ainda por um enfoque integral para pensar as políticas orientadas ao desenvolvimento sustentável fundado na equidade, e alertaram que a coordenação entre atores e níveis de governo se faz essencial.
Enquanto se encerrava a Sessão em Guayaquil, tinha início na cidade de Bonn, Alemanha, o congresso Cidades Resilientes 2014, que pela primeira vez contou com uma sessão dedicada às cidades da América Latina e Caribe (LAC) e um workshop de mergulho na tentativa de Santiago do Chile em adaptar-se à crescente escassez de água. O evento oficial, ‘Mitigação e adaptação integrada: Planejamento para um desenvolvimento resiliente nas cidades da América Latina e Caribe’, foi organizado pelo ICLEI SAMS em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no dia 31.
O evento apresentou as tendências de urbanização na América Latina e Caribe e algumas das iniciativas pelo desenvolvimento urbano integrado de baixo carbono e resiliente. A Iniciativa do BID de Cidades Emergentes e Sustentáveis (ICES) mostrou sua abordagem integral ao desenvolvimento urbano sustentável em cidades médias na América Latina, uma ferramenta usada para projetar cenários de crescimento urbano territorial nos próximos 30 anos e as dificuldades da perspectiva de uma cidade que trabalha em sua implementação. Cuenca, Equador, compartilhou seus esforços em integrar os planos gerados aos que já existem na cidade e conta que sem isso o esforço tende a se perder.
Foi apresentada na segunda parte da sessão a experiência de uma mega cidade, Bogotá, que finalizou recentemente um Plano de Ordenamento Territorial que tem como uma de suas quatro grandes diretrizes ser uma cidade que ‘se ordena ao redor da água e enfrenta às mudanças climáticas’. Bogotá também compartilhou uma experiência institucional inovadora, a recente transformação do Fundo de Prevenção de Desastres (FOPAE) em um Instituto para Prevenção de Riscos e Enfrentamento das Mudanças Climáticas (IDIGER).
A discussão faz parte do acordo de cooperação entre o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, no âmbito do projeto Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono (Urban-LEDS), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, através da divisão de Mudanças Climáticas, a Rede Urbana de Transferência de Conhecimento pelo Desenvolvimento Urbano Sustentável (URBELAC) e a Iniciativa de Cidades Emergentes e Sustentáveis (ICES), anunciado durante o Fórum Urbano Mundial em Medellin.
Leia notícia sobre o acordo firmado no VII Fórum Urbano Mundial, em Medellín.
Na região, a maior parte do crescimento da infraestrutura urbana ao longo da próxima década se concentrará em cidades de médio porte, com entre 100 mil e 2 milhões de habitantes. Essas cidades enfrentam uma série de riscos comuns como os decorrentes de chuvas mais intensas, escassez de água, variações do nível do mar em áreas costeiras, deslizamentos e enchentes. Ao mesmo tempo, são territórios nos quais se concentram oportunidades para o desenvolvimento de baixo carbono e resiliente se lograrmos integrar estas preocupações ao planejamento urbano, ao mesmo tempo tornando os serviços à população como transporte e mobilidade, saneamento, habitação, saúde preventiva e gestão de resíduos mais abrangentes e eficientes.