Gestão ambiental na Alemanha é tema de encontro do Fórum CB27

O diálogo contou com a participação da Secretária do Meio Ambiente, Agricultura, Conservação e Defesa ao Consumidor do Estado de Nordrhein-Westfalen (Alemanha), Ursula Heinen-Esser.

30 de jul de 2020

Crédito: Sangga Rima Roman Selia

Dando prosseguimento aos debates temáticos entre Secretários e Secretárias Municipais de Meio Ambiente das 27 capitais brasileiras, o Fórum CB27 realizou, na última terça-feira (28/07) o II Diálogo Virtual.

 

O encontro contou com a participação da Secretária do Meio Ambiente, Agricultura, Conservação e Defesa ao Consumidor do Estado de Nordrhein-Westfalen (Alemanha), Ursula Heinen-Esser, que apresentou práticas inspiradoras em gestão ambiental e no enfrentamento à crise causada pela pandemia da Covid-19. A Secretária compartilhou os principais desafios enfrentados pelo Estado e as soluções encontradas para superá-los.

 

Heinen-Esser pontuou que a drástica redução das emissões de gases de efeito estufa que a Alemanha vivencia atualmente, devido à queda do trânsito de pessoas e veículos e à paralisação das indústrias, custou muito caro e foi pouco sustentável, já que o preço pago para tanto foi a pior recessão alemã desde a Segunda Guerra Mundial.

 

“A ameaça à vida trouxe outros desafios. Questões ambientais, como a defesa da biodiversidade e do clima, passaram ao segundo plano”, observou. “Neste momento, estamos retomando essa pauta, e há um debate intenso sobre o quanto estes dois temas estão relacionados à pandemia.”

 

A Secretária reafirmou o compromisso assumido pelo Green New Deal, que estabelece um roteiro para que a União Europeia seja mais sustentável, visando a neutralidade de emissões até 2050. Junto à Lei de Defesa do Clima, o pacote é o referencial para a recuperação econômica na Alemanha, aproveitando a grande oportunidade para conciliar economia com ecologia.

 

“Temos uma grande oportunidade para conciliar economia com ecologia”, afirmou. Como exemplo, citou um movimento pioneiro na indústria automobilística, em que o governo federal adota incentivos fiscais apenas para veículos elétricos. “Para os estados alemães está muito claro que deve-se fazer a recuperação econômica de forma sustentável”, reforçou a Secretária.

 

O Secretário do Rio de Janeiro e Coordenador Nacional do CB27, Bernardo Egas, destacou que a capital brasileira é irmã da cidade de Colônia, uma das maiores do Estado de Nordrhein-Westfalen, parceria que já viabilizou um projeto de compostagem e de poda de árvores financiado pela cidade alemã. Ele também chamou atenção para o papel dos governos locais na reconstrução pós-crise, para que tenham participação mais ativa e se mantenham em contato com governos que estão mais à frente nesta pauta.

 

Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI América do Sul, pontuou que a crise sanitária imposta pela Covid-19 afeta diretamente a dinâmica das cidades, o que reforça a importância da gestão ambiental para a preservação da qualidade de vida e do bem-estar. Áreas como mobilidade urbana, consumo, qualidade do ar e licenciamento de empresas foram impactadas e terão que ser repensadas.

 

Em sua visão, neste cenário o Fórum CB27 é um mecanismo ainda mais estratégico para fortalecer a troca de experiências e boas práticas entre as capitais brasileiras, possibilitando a cooperação multinível.

 

Ao tratar da temática do financiamento verde, comumente debatido pelo Fórum CB27, Heinen-Esser compartilhou que o Estado de Nordrhein-Westfalen utiliza incentivos de fomento diretos para pessoas e empresas, em diversos níveis de impostos. Os cidadãos que adquirem um carro sustentável pagarão menos impostos, por exemplo. Empresas com necessidades financeiras recebem crédito e incentivo para amortizar a dívida se aderirem a políticas de sustentabilidade. 

 

Em convergência com o agenda do Fórum CB27 para o ano de 2020, a Secretária alemã compartilhou que a redução da diversidade biológica é um problema e uma questão central para a gestão ambiental em sua região. 

 

“Nos últimos 15 anos, houve uma redução drástica no número de insetos, por exemplo. Há menos espécies no nosso estado hoje em dia”, lamentou Heinen-Esser.

 

Sendo assim, foi desenhada uma estratégia para a conservação da biodiversidade local. Algumas ações incluem o controle do uso de defensivos agrícolas nas áreas verdes e o desenvolvimento de telhados verdes em áreas industriais, que colaboram para redução da temperatura, além de políticas para reduzir o uso e ocupação de áreas verdes.

 

O encontro foi promovido pelo Fórum CB27 em parceria com o ICLEI América do Sul e a Fundação Konrad Adenauer Brasil.

 

Assista a íntegra do II Diálogo entre Secretários e Secretárias do Meio Ambiente das Capitais Brasileiras no YouTube do ICLEI América do Sul: