Números divulgados na 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgada hoje (3/11) pelo Observatório do Clima, enfatizam uma realidade ainda pouco considerada no cenário das mudanças climáticas: a geração de resíduos pelas cidades brasileiras. Embora as emissões brutas de GEE tenham registrado queda de 16,7% em 2024, o setor de resíduos, que compreende o tratamento de lixo e esgotos, teve o maior aumento percentual de emissões no ano passado, conforme dados apurados pelo ICLEI.
Apesar de responder por apenas 5% das emissões do país, o setor de resíduos é um dos maiores emissores nas cidades brasileiras. Em 2024, as emissões por resíduos subiram 3,6%, com 96 MtCO2e contra 92MtCO2e em 2023. A principal causa da elevação foi o aumento de 9% na quantidade de resíduos sólidos coletados no país em 2023 e a manutenção desse nível de lixo gerado em 2024.
No entanto, também houve um ajuste por conta de uma alteração nos dados do IBGE de população brasileira para 2024. Como as emissões de resíduos variam em proporção direta à da população, o ajuste de 5% a mais no número de brasileiros entre 2023 e 2024 provocou também, por tabela, o aumento das emissões do setor.
“Tivemos em 2024 a maior emissão da série histórica para o setor de resíduos. Isso decorre de um aumento na quantidade de resíduos sólidos coletados pelas cidades brasileiras, mas também por conta de ajustes metodológicos e nas fontes de dados que empurraram as emissões para cima”, diz Iris Coluna, assessora técnica de projetos do ICLEI América do Sul, responsável pelas estimativas do setor no SEEG.
“O Brasil deu passos para vencer o desafio da disposição final do lixo e no cumprimento da meta de encerramento dos seus lixões e hoje já manda 70% de seus resíduos sólidos para aterros sanitários. Agora precisamos seguir avançando na erradicação da disposição final inadequada, promover a recuperação dos nossos resíduos e avançar na universalização do tratamento de esgotos, ao mesmo tempo reduzindo as emissões pelo tratamento”, afirma Iris Coluna.