21.05.2019 – Notícia adaptada do site do ICLEI Global
Implementação de Soluções Baseadas na Natureza no planejamento urbano ajuda a reduzir a perda da biodiversidade na América do Sul
Lançado em maio deste ano, o relatório científico internacional publicado pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) alertou para os graves impactos que virão por consequência da perda de biodiversidade a um ritmo sem precedentes. O relatório estima que um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção e de forma acelerada.
Essa é a primeira avaliação global sobre o estado da biodiversidade desde 2005. O “Relatório de Avaliação Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos”, constata que a atual resposta global é insuficiente e que é necessária uma mudança transformadora.
“O IPBES7 é o relatório mais importante que o mundo precisa tomar consciência. Agradecemos e saudamos a comunidade científica de todo o mundo que trabalhou por tantas horas, semanas, meses e até mesmo anos para nos trazer o relatório, com um alerta muito claro”, disse Kobie Brand, Diretora Global do Centro de Biodiversidade do ICLEI.
O relatório foi escrito por 145 especialistas – com contribuições de mais de 300 – de 50 países e levou três anos para ser criado. Baseou-se na revisão sistemática de cerca de 15.000 fontes científicas e governamentais, bem como no conhecimento local e indígena, e mapeia as mudanças observadas na biodiversidade nos últimos cinquenta anos, mostrando a relação entre desenvolvimento econômico e impactos na natureza.
Sunandan Tiwari, Diretor de Implementação Global do ICLEI, representou a Rede de governos locais no dia dedicado às Partes Interessadas antes da 7ª sessão do Plenário do IPBES, na qual os membros adotaram o relatório. “A urbanização é uma das principais ameaças à biodiversidade, encorajamos os membros do IPBES a envolver os governos locais e regionais no segundo programa de trabalho”, defendeu o ICLEI em sua intervenção. O segundo programa de trabalho é a próxima fase das atividades a serem realizadas pelo painel de cientistas.
O relatório também apresentou uma coleção de ações em áreas urbanas para proteger a biodiversidade. Estas incluem a implementação de soluções baseadas na natureza, aumentando o acesso a serviços urbanos e a um ambiente urbano saudável para comunidades de baixa renda, melhorando o acesso a espaços verdes, produção e consumo sustentáveis e conectividade ecológica em espaços urbanos, particularmente com espécies nativas, como estratégias para provocar as mudanças necessárias.
Na América do Sul
Mais de 40% da biodiversidade da Terra está localizada no continente sul-americano, assim como mais de um quarto de suas florestas; também na região está localizada a maior área úmida do mundo (Pantanal), que é um dos biomas mais biodiversos, destaca o documento “O Estado da Biodiversidade na América Latina e Caribe”, da UNEP. Mesmo com esse destaque, a diminuição da população de espécies é especialmente pronunciada nos trópicos, com a América do Sul e Central sofrendo o declínio mais dramático, uma perda de 89% em comparação com 1970, de acordo com o estudo “Planeta Vivo 2018”, publicado pelo WWF em setembro do ano passado.
Em contraponto, dar outras funções para os espaços públicos, com ações de convívio, cultura e lazer de maneira sustentável, tem sido uma das maneiras que os governos locais da região têm investido para incluir as Soluções Baseadas na Natureza no planejamento urbano das cidades e diminuir essa queda da biodiversidade. Seja por meio da ressignificação do ambiente, como os corredores ecológicos, em Belo Horizonte, e o Parque Capibaribe, em Recife; ou pelos programas que promovem uma alimentação mais segura como as hortas comunitárias em Rosário e São Paulo, e o Programa Participativo de Agricultura Urbana (AGRUPAR), que aumenta a renda dos trabalhadores envolvidos e melhora as funções do ecossistema, em Quito, Equador.
Plataforma para compartilhamento das SbN
A nova plataforma CitiesWithNature, fundada pelo ICLEI, TNC e IUCN, oferece um espaço compartilhado para as cidades e seus parceiros se engajarem e se conectarem, trabalhando com o compromisso compartilhado em prol de um mundo urbano mais sustentável. “É uma virada de transformação para todas as cidades e regiões da cidade – grandes e pequenas – e suas comunidades urbanas em rápido crescimento”, afirma Kobie Brand, diretora global do Centro de Biodiversidade das Cidades do ICLEI. “Se os prefeitos, governadores e suas comunidades se empenharem em planejar, viver, desenvolver e prosperar em harmonia com a natureza, dentro e ao redor de nossas cidades, coletivamente podemos nos tornar a onda de mudança e inspiração que o mundo precisa agora”. Uma nova versão da plataforma online CitiesWithNature é lançada no dia 22 de maio, Dia Mundial da Biodiversidade.
Notícia adaptada do site do ICLEI Global