Criado para fortalecer a representatividade e a capacidade de incidência regional e internacional das autoridades locais na Região Amazônica, o Fórum das Cidades Pan-Amazônicas (FCPA) teve sua primeira reunião presencial realizada nos dias 12, 13 e 14 de julho. Estiveram presentes 12 governos locais, totalizando 17 participantes, que debateram sobre transição energética e consolidação do grupo.
O Instituto SINCHI e a cidade de Letícia foram os anfitriões do encontro. A cidade de Letícia está localizada na tríplice fronteira, entre a Colômbia, o Brasil e o Peru, e o Instituto SINCHI foi responsável pela curadoria e disponibilização de sua sede para acolher o evento. O encontro integra as atividades do Fórum previstas para 2022: em abril, ocorreu um encontro virtual e, em novembro, ocorrerá mais uma reunião virtual.
Jantar de boas-vindas
Os participantes foram recebidos com um jantar de confraternização, oferecido pelos organizadores do encontro na sede do Instituto SINCHI. O momento marcou o primeiro encontro entre os representantes dos governos locais e representantes das instituições parceiras do Fórum.
O Vice-Ministro de Planejamento Ambiental do Território da Colômbia, Nicolás Galarza, o Prefeito da cidade de Leticia, Jorge Luis Mendoza, a Diretora do Instituto SINCHI, Luz Marina Mantilla, a Diretora Executiva do ICLEI Colômbia, Mónica Santa, e a Coordenadora do Programa Regional de Seguridad Energética y Mudança Climática na América Latina (EKLA) da Fundação Konrad Adenauer (KAS), Anuska Soares, deram as boas-vindas aos participantes.
Jorge Luis Mendoza, prefeito da cidade de Letícia dá as boas-vindas aos participantes do FCPA.
Debates estratégicos marcam segundo dia do Fórum
O dia 13 de julho foi marcado por uma intensa e qualificada agenda de debates e apresentações. Pela manhã, os trabalhos foram iniciados com falas de abertura das instituições organizadoras do evento. Em seguida, ocorreu a conferência inaugural do Vice-Ministro de Planejamento Ambiental do Território da Colômbia, Nicolás Galarza, sobre as emissões de carbono e energias renováveis na Amazônia colombiana. “A Amazônia colombiana tem o potencial de gerar energia a partir de fontes solares. É muito importante avançarmos em termos de transporte limpo.” Galarza destacou ainda que, além do grande potencial de geração de energia fotovoltaica, há um importante trabalho sendo feito por institutos de pesquisa na Amazônia colombiana e peruana para implementar biodigestores e gerar energia de biomassa.
Nicolás Galarza na Conferência Inaugural.
Os participantes também trataram sobre “biodivercidade”, um conceito desenvolvido para cidades que são exemplos na preservação e conservação da biodiversidade. Jorge Luis Mendoza, Nicolás Galarza e Luz Marina Mantilla Cárdenas apresentaram o projeto desenvolvido na cidade de Letícia sobre o tema.
Luz Marina Mantilla Cárdenas e Nicolás Galarza, respectivamente.
Na sessão “Experiências e desafios para a sustentabilidade energética na região amazônica”, que contou com a participação de Lina Vega, Subdiretora de Planejamento e Promoção de Soluções Energéticas para as Zonas não Interconectadas (IPSE), os participantes apresentaram iniciativas das cidades para o avanço da temática. O papel dos governos locais na implementação de ações que respondam às necessidades locais sob a perspectiva de justiça energética madura (decisões públicas, colaboração com o setor privado, inclusão de diferentes sistemas de conhecimento, etc.) também foi debatido.
A sessão “Experiências e desafios das cidades amazônicas nas Agendas Internacionais para o Desenvolvimento Sustentável” contou com a participação de Rebecca Borges, Especialista do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia das Américas, e Natalia Castañeda, Assessora de Meio Ambiente de Asocapitales. Para Rebecca, a ação climática local na região amazônica é essencial na luta contra a mudança do clima. “O apoio à Amazônia está presente em nossa visão estratégica. Cabe a nós unir esforços, fazer eco e fortalecer a voz e a ação dos governos locais amazônicos, apoiando o fortalecimento de espaços como este Fórum para continuar avançando na construção de cidades resilientes e verdes.”
Natália Angarita de Asocapitales, Rebeca Borges de GCoM, Luis Antonio Ruiz Cicery, Prefeito de Florência e Monica Santa de ICLEI, respectivamente.
Para Monica Santa, Diretora Executiva do ICLEI Colômbia, a cooperação entre cidades tem um papel fundamental, pois os serviços ecossistêmicos não se limitam às fronteiras político-administrativas. “O ICLEI reconhece a cooperação de cidade a cidade como mecanismo que permite às autoridades locais trabalhar em conjunto para enfrentar desafios complexos e implementar soluções eficazes através da colaboração em questões de interesse mútuo. No FCPA, conseguimos abrir um espaço para o trabalho e aprendizado coletivo, focado na questão da biodiversidade para que possamos consolidar uma visão pan-amazônica no caminho para as COPs.”
Monica Santa, Diretora Executiva do ICLEI Colômbia.
Os participantes também debateram sobre a governança do FCPA e elaboraram os seguintes compromissos a serem cumpridos por todos:
- Participar das atividades do FCPA;
- Participar de uma reunião presencial do FCPA em 2023;
- Organizar a governança da FCPA definindo pontos focais a nível político e técnico para o acompanhamento das ações;
- Definir e aprovar uma agenda programática de atividades para posicionar a mensagem do FCPA em debates nacionais, regionais e internacionais, como na COP15;
- Ação para que mais cidades da região se juntem às atividades do FCPA;
- Promover alianças estratégicas com potenciais financiadores de projetos e atividades que emanem de acordos do FCPA;
- Promover alianças e parcerias com instituições de pesquisa científica;
- Incentivar a cooperação e colaboração baseadas na horizontalidade e solução conjunta para os desafios da sustentabilidade.
Visita técnica
No último dia do encontro, ocorreram três visitas técnicas para conhecer iniciativas locais de referência em sustentabilidade. Os participantes do FCPA navegaram pelo Rio Amazonas, onde visitaram a tríplice fronteira, que delimita os territórios brasileiro, colombiano e peruano, e conheceram os desafios e as oportunidades do trânsito fluvial na região.
Participantes e organizadores do FCPA embarcando para a visita técnica no rio Amazonas.
O grupo também esteve na sede da base aérea de Letícia para conhecer a planta energética do local e ouvir sobre as experiências de fiscalização e monitoramento da floresta.
Visita técnica à base da força área colombiana com Cr Jhon Fabio Ospina Barón.
O encerramento do primeiro encontro presencial do FCPA ocorreu no Instituto SINCHI, onde os participantes conheceram a planta e estrutura do local.
Participantes e organizadores do FCPA visitando a planta energética do Instituto SINCHI.
Participaram do encontro em Letícia representantes de Rio Branco (BR), Palmas (BR), Manaus (BR), Belém (BR), Barcarena (BR), Moyombomba (PE), Letícia (COL), Florência (COL), Inírida (COL), Mitú (COL), San José del Guaviare (COL) e Mocoa (COL), além de representações institucionais do EKLA-KAS, WayCarbon, Instituto SINCHI, Corpoamazonía, Asocapitales, IPSE Colômbia, Instituto Humboldt, Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia (GCoM) e Ministério de Meio Ambiente da Colômbia.
Participantes do I Encontro Presencial do FCPA.
Sobre o Fórum de Cidades Pan-Amazônicas
Lançado em 2020, o Fórum de Cidades Pan-Amazônicas (FCPA) foi criado para fortalecer a representatividade e a capacidade de incidência regional e internacional das cidades da região amazônica do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Visa promover o intercâmbio de experiências e a cooperação regional descentralizada, especialmente no que diz respeito às iniciativas para o desenvolvimento urbano e territorial sustentável, transição energética e produção de projetos eficazes de atração de investimentos.
A iniciativa é uma parceria do ICLEI América do Sul, da WayCarbon e da Fundação Konrad Adenauer, por meio do Programa Regional de Segurança Energética e Mudanças Climáticas (EKLA).