A convite do ICLEI América do Sul, o prefeito de Niterói, Axel Grael, representou nesta terça-feira, 03, os governos locais da América Latina na Cúpula do Urban 7 (U7), grupo de trabalho do G7 voltado para debater questões da área urbana e das cidades. O G7 reúne os sete países democráticos mais desenvolvidos do mundo e a Cúpula, realizada virtualmente.
Grael, que também é vice-presidente de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), falou sobre a importância dos governos locais de todo o mundo trabalharem de forma coordenada por uma sociedade mais justa e sustentável e citou a guerra na Ucrânia, um assunto que permeou a fala dos outros 9 prefeitos painelistas da Cúpula.
O evento resultou no lançamento da declaração, que também virou tema da Cupula: “Abraçando o Mundo Urbano: Cidades, Urbanização e Cooperação Multinível como Motores de Mudança para a Paz, Democracia e Sustentabilidade”, a qual municípios e redes da América Latina enviaram contribuições sobre o texto, com diretrizes e perspectivas do sul global em relação ao programa de trabalho das cidades do U7 junto aos países do G7 em 2022. “O documento com participação da América Latina pontua a importância que precisamos dar à construção de uma sociedade justa para um planeta sustentável. Também expressamos nossa profunda preocupação para eliminar desigualdades sociais, de gênero e intergeracionais. É preciso mobilização de investimentos para um futuro melhor e é importante que permaneçamos juntos, porque assim somos mais fortes”, disse o prefeito, que ainda lembrou de sua participação na COP 26, quando se reuniu com o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
Além de prefeitos do G7, também falaram no evento representantes do Parlamento Global de Prefeitos, Peter Kirk e Rolf Bosinger, o Ministro Federal Alemão para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Jochen Flashbarth, e o presidente da Associação das Cidades Alemãs, Markus Lewe. Formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, França, Reino Unido, Itália e Alemanha, o G7 se reunirá em junho, onde será considerada a Declaração dos Prefeitos do U7.
Frank Cownie, prefeito de Des Moines, no Estado de Iowa, nos Estados Unidos, e presidente do Comitê Executivo Global do ICLEI afirmou que a aliança entre os governos locais se mostrou uma ferramenta bastante efetiva e um modelo de colaboração de sucesso. Disse ainda que é louvável o esforço das Nações Unidas em reconhecer, trabalhar e apoiar a governança local. “O ICLEI se mostrou um parceiro sólido com soluções e uma Rede que está fazendo a diferença agora e vai continuar no futuro.”
Markus Lewe, prefeito da cidade de Münster, na Alemanha, e presidente da Associação de Cidades Alemãs, disse que as cidades estão na vanguarda e são o pilar de tudo quando falamos em soluções para os desafios de sustentabilidade. “A Presidência alemã do G7 reconheceu o poder transformador das cidades. Já é tempo para que a perspectiva urbana seja levada em consideração. Mas também precisamos de financiamento constante para levarmos as ações a cabo”, avaliou.
“Para revertermos o quadro da emergência climática temos que começar a agir hoje e não amanhã. E o nosso maior desafio neste sentido é atrair investimento, seja público ou privado”, complementou o prefeito da cidade Italiana de Florença, Dario Nardella.
Para Marvin Kees, prefeito de Bristol, na Inglaterra, trabalhar as cidades é fazer com que as mudanças aconteçam e consigam trazer impactos positivos para os cidadãos. “Mas sem recursos não há liberdade para atuar localmente. E é sempre bom lembrar que a pauta climática requer uma resposta imediata”, afirmou. O prefeito afirmou ainda que se solidariza com os refugiados ucrânianos e que têm recebido e abrigado os imigrantes da guerra.
Discurso parecido foi o do prefeito de Kitchener no Canadá. Berry Vrbanovic deu uma mensagem clara ao enfatizar que sua cidade está construindo uma política de imigração, que tem permitido receber os refugiados da Ucrânia, que fogem da “guerra sem sentido. Este é um exemplo prático de como construir cidades em que todos tenham o sentimento de pertencimento. A pandemia nos deu sinais e pudemos aprender que mudanças se fazem a partir de dificuldades”.
“A crise sanitária imposta pelo Coronavírus mostrou ao mundo a capacidade de organização dos governos locais. Por que não aproveitarmos esse ensinamento e damos uma resposta coletiva com ações positivas locais?”, indagou a prefeita de Nice, a francesa Johannna Kolland.
“Já passou da hora de agirmos. Os governos locais nunca tiveram tanta evidência e cabe a nós assumirmos o protagonismo das nossas próprias histórias. O final feliz depende da rapidez e do esforço das nossas ações”, finalizou Frank Cownie, ao destacar que, este ano, o grupo tem dois encontros que podem ser fundamentais na pauta do Urban 7: a COP27, que será sediada no Egito, em novembro, e o encontro do G7, que ocorre em setembro, na Alemanha.