Por que precisamos somar esforços e garantir um Novo Marco Global para Biodiversidade realmente ambicioso?

Com caminhada até a 15ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP15), a campanha “Novo Acordo pela Natureza e para as Pessoas” tem como objetivo mobilizar e fortalecer o conhecimento dos governos estaduais e municipais brasileiros para esse momento estratégico da biodiversidade

04 de fev de 2021

Crédito: Gabriel Manlake

O que é conviver com a natureza? Para responder a essa pergunta é preciso primeiro entender que seres humanos e natureza são parte de um mesmo ecossistema e que vivem – ou deveriam viver – de forma harmoniosa. Como parte integrante desse ecossistema, a biodiversidade sustenta esse funcionamento e fornece serviços essenciais à vida humana. 

 

Globalmente, a biodiversidade tem visto suas taxas diminuírem em uma escala sem precedentes. Além do desmatamento, proveniente principalmente da agropecuária, o acelerado processo de urbanização também é um dos principais impulsionadores dessa redução.

 

No contexto nacional, o Brasil é considerado detentor da maior biodiversidade do planeta. Com sua dimensão continental e enorme variedade de habitat terrestres e aquáticos, possui o maior número de espécies de plantas, das quais mais da metade são endêmicas. 

 

Diante de todos esses desafios – preservar a biodiversidade e fazer com que a humanidade viva em harmonia com os recursos naturais fornecidos pelo planeta – os anos de 2020 e 2021 são decisivos para a biodiversidade no Brasil e no mundo.

 

O atual Plano Estratégico para Biodiversidade 2011-2020 e as respectivas Metas de Aichi concluíram seu ciclo, e um Novo Marco Global da Biodiversidade será adotado durante a realização da 15ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP15).  Metas ambiciosas são necessárias no Novo Marco pós-2020 da biodiversidade, que pretende orientar a implementação da visão para 2050: “Vivendo em harmonia com a natureza”. 

 

A campanha “Novo Acordo pela Natureza e para as Pessoas”, lançada pelo WWF e ICLEI América do Sul no Brasil, tem como principal objetivo contribuir, ampliar e fortalecer o papel dos governos  subnacionais brasileiros  nessa caminhada de definição do novo marco, e posterior implementação das metas globais do Novo Marco pós-2020 da Biodiversidade. 

 

Para Sophia Picarelli, Gerente de Biodiversidade no ICLEI América do Sul, a iniciativa reforça a importância da atuação de ações locais para a preservação da biodiversidade. “Os governos estaduais e municipais já atuam em diversas frentes, e podem avançar de maneira cada vez mais significativa para enfrentar esse grande desafio global. Para isso é fundamental que o novo marco siga reconhecendo os atores subnacionais, e que principalmente direcione caminhos para aumentar o apoio técnico e financeiro para as ações locais.” 

 

“Chegamos ao século XXI com altíssimo nível de desenvolvimento tecnológico, mas usando esse conhecimento para uma relação primitiva com a natureza. Nosso modo de vida ainda é altamente predatório. E para dar conta dos recursos naturais que consumimos, precisamos de um planeta e meio”, afirma Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil. Em menos de 50 anos, o mundo perdeu mais de dois terços das populações de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes selvagens, segundo o mais recente relatório do WWF sobre biodiversidade, que também alerta que as sub regiões tropicais das Américas do Sul e Central são as mais afetadas, com taxas de redução acima dos 90%. “O desafio mais urgente do século XXI é estabelecer um novo acordo entre a humanidade e a natureza. Esse acordo precisa garantir não só a preservação como também a restauração do que já perdemos.”

 

Para Oliver Hillel, Oficial de Programa do Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica – ONU, o Brasil tem uma responsabilidade fundamental para reverter as múltiplas perdas e a degradação da biodiversidade, e transformar esses conflitos em oportunidade, inovação e solução. “O País teve um papel de extrema importância na caminhada que estabeleceu as Metas de Aichi em 2010, principalmente no reconhecimento das autoridades subnacionais e locais como atores-chave para implementação (Decisão X/22). Espero que cada vez mais estados, municípios e outras formas subnacionais de governança compreendam a importância deste momento e sigam mostrando para o mundo o alcance de suas ações pela biodiversidade”. 

 

Esse percurso terá como pauta algumas temáticas que visam demonstrar como a discussão global aterriza no contexto nacional, sendo elas: Restauração e Recomposição da Vegetação Nativa; Produção e Consumo Sustentável; Áreas Protegidas, Uso do Solo e Conectividade e  Soluções Baseadas na Natureza.

 

O primeiro encontro acontece no próximo dia 11 de fevereiro, com o tema “Restauração e Recomposição da Vegetação Nativa”  e será transmitido pelo canal do Youtube do ICLEI América do Sul através do link: https://youtu.be/VTbkhXAaFD8

 

O Novo Acordo pela Natureza e para as Pessoas se soma a outros movimentos como a Declaração de Edimburgo e a Carta São Paulo que clamam por maior participação, reconhecimento e incentivo dos governos subnacionais e locais na agenda da biodiversidade.

 

O Brasil conta com liderança significativa em seus governos subnacionais e locais para a implementação de estratégias concretas nessa direção.

 

Confira também o CitiesWithNature, uma plataforma para estados e municípios se comprometerem a agir, compartilhar experiências e inspirar outras cidades e regiões a contribuírem com a implementação do novo marco pós-2020 da biodiversidade.

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