ICLEI reúne lideranças no Amapá para fortalecer protagonismo amazônico na COP30

Encontro Regional do ICLEI debate adaptação climática e desenvolvimento sustentável na Amazônia

12 de set de 2025

O Bioma Amazônia ocupa 6% da superfície terrestre, é a maior floresta tropical do mundo e se estende por diversos países da América do Sul, com a maior parte localizada no Brasil. Essencial para a regulação do clima global, desempenha papel vital para a manutenção da vida no planeta. Porém, entre 1985 e 2020, a região perdeu mais de 50 milhões de hectares de floresta, com impactos diretos no equilíbrio climático, na biodiversidade e na vida das populações locais.

 

“Diante de sua importância, é indispensável que gestores públicos compreendam suas especificidades e discutam caminhos para formular políticas públicas eficazes, integrando ações de conservação e desenvolvimento sustentável junto ao setor produtivo local”, afirma Rodrigo Perpétuo, Secretário Executivo do ICLEI América do Sul, organização internacional que apoia a gestão pública na agenda da sustentabilidade urbana.

 

Com o objetivo de fortalecer a atuação dos governos locais amazônicos diante dos desafios da mudança do clima e da justiça socioambiental, o ICLEI realiza, em parceria com o Governo do Estado do Amapá, o 4º Encontro Amazônico do ICLEI Brasil, entre os dias 6 e 8 de outubro de 2025, em Macapá (AP). Sob o tema “Conectando Cidades Rumo à COP30”, o evento se consolida como espaço estratégico de articulação regional preparatória para a 30ª Conferência da ONU sobre o Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro.

 

Diálogos locais com conexão global

 

Segundo especialistas, a realização da COP30 no Brasil representa uma oportunidade estratégica para o avanço das políticas climáticas, especialmente nos países do Sul Global. Ao sediar a conferência em território amazônico, o Brasil ganha visibilidade internacional e é instado a fortalecer sua governança ambiental, com ações concretas de mitigação e adaptação.

 

A conferência também deve impulsionar a articulação entre os diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal) e inserir a pauta climática em áreas como transporte, moradia, saneamento, uso do solo e justiça social. Além disso, pode ampliar investimentos, cooperação internacional, acesso a financiamento climático e participação da sociedade civil.

 

“Nesse contexto, todos os encontros do ICLEI realizados no Brasil em 2025 funcionam como espaços preparatórios para a COP30. Os insumos, compromissos e boas práticas compartilhadas comporão a narrativa brasileira de ação climática subnacional em Belém, promovendo uma transição do local ao global e reforçando o protagonismo dos governos locais”, destaca Bianca Cantoni, coordenadora de Advocacy do ICLEI América do Sul.

 

Bioeconomia como resposta à crise climática

A região Norte enfrenta vulnerabilidades sociais profundas somadas aos efeitos da crise ambiental: inundações, ilhas de calor, perda de biodiversidade e insegurança hídrica. Nesse cenário, o encontro vai promover debates sobre biodiversidade, bioeconomia como alternativa para desenvolvimento sustentável, estratégias de adaptação urbana e linhas de financiamento verde.

 

De acordo com o Banco Mundial, a manutenção da floresta em pé e os investimentos em bioeconomia podem gerar até US$ 317 bilhões por ano — sete vezes mais do que modelos baseados na degradação ambiental. Produtos como açaí, castanha, cacau nativo e óleos essenciais exemplificam o potencial para estruturar cadeias de valor, reduzir a pegada de carbono e promover inovação baseada na sociobiodiversidade.

 

Diálogo, cooperação e soluções concretas

Durante três dias, o Encontro reunirá representantes de governos locais e subnacionais, sociedade civil, setor privado, academia e juventudes. A programação inclui mesas-redondas, oficinas, painéis temáticos, visitas técnicas e espaços para troca de experiências e construção de parcerias.

 

A iniciativa também lança a chamada para o Mutirão Climático Global, que vai identificar, reconhecer e apoiar iniciativas locais de adaptação e resiliência climática lideradas por jovens e escolas do Amapá. Projetos de agricultura sustentável, energia limpa, restauração ambiental e educação climática são exemplos de ações que, mesmo em pequena escala, geram impacto real e conectam-se às estratégias globais de enfrentamento da crise climática.

 

O evento integra uma trajetória de mobilização crescente na região: as edições anteriores ocorreram em Barcarena/PA (2022), Porto Velho/RO (2023) e Boa Vista/RR (2024), com debates sobre justiça climática, educação ambiental e inovação para sustentabilidade urbana. Mais uma vez, a proposta é fortalecer o protagonismo dos municípios amazônicos na implementação de políticas climáticas e estimular ações colaborativas entre diferentes níveis de governo e setores da sociedade.

 

Para o ICLEI, a Amazônia urbana tem papel central na construção de uma transição ecológica justa, que una inovação, biodiversidade e equidade. “O 4º Encontro reforça essa visão ao conectar os desafios locais à agenda climática global e posicionar os governos locais como atores-chave na construção de um futuro resiliente e sustentável para toda a região”, conclui Perpétuo.

 

O 4° Encontro Regional ICLEI Brasil na Amazônia é uma realização do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e do Governo do Estado do Amapá, e integra a iniciativa global Town Hall COP 30, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amapá (FAPEAP). O evento conta com o apoio institucional do Ministério das Cidades e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e dos parceiros ICLEI em 2025: MRV e NetZero. Somam-se a iniciativa os apoiadores institucionais: CDP, Making Cities Resilient 2030 (MCR2030), Associação Brasileira de Municípios (ABM), Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia (GCoM), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (FONPLATA).

 

Sobre o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade

Presente em mais de 125 países, o ICLEI conecta mais de 2.500 governos locais e regionais comprometidos com o desenvolvimento urbano sustentável. Na América do Sul, são mais de 150 associados, sendo 97 no Brasil. O ICLEI atua por meio de cinco caminhos de desenvolvimento sustentável: zero carbono, baseado na natureza, circular, resiliente e equitativo.

 

Sobre o Governo do Amapá

Integrante da rede ICLEI desde 2023, o Governo do Amapá tem se destacado pela implementação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade, com participação ativa em fóruns internacionais como as COPs 28 e 29. O Estado se consolida como liderança regional em iniciativas de baixo carbono, resiliência climática e valorização da biodiversidade.


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