Fechando o Ciclo de Ambição com a Race to Zero no Brasil: um aquecimento para a COP26

Evento reuniu lideranças comprometidas a zerar emissões e promoveu discussão sobre como a cooperação pode impulsionar uma economia mais próspera e livre de carbono.

04 de ago de 2021

Crédito: UK in Brazil

Com o aumento da demanda comercial e dos investimentos empresariais em soluções climáticas, cada vez mais empresas enxergam a necessidade de investir na economia de carbono zero, buscando minimizar seu impacto ambiental. Ao mesmo tempo,  governos locais e regionais buscam priorizar o desenvolvimento de ações e de políticas públicas de mitigação e adaptação de seus territórios aos efeitos adversos da crise climática. 

 

Entretanto, para que existam chances efetivas de limitar o aquecimento global a 1,5°C, é preciso que governos, empresas, sociedade civil e diversos outros setores unam seus esforços em prol do combate à emergência climática, ao invés de trabalharem de maneira isolada. 

 

Para discutir o tema do papel das empresas e governos subnacionais na agenda climática global a caminho da COP26, o evento “Fechando o Ciclo de Ambição com a Corrida ao Zero no Brasil”, foi realizado nesta quarta-feira (4), em Brasília, contando também com transmissão ao vivo.  O encontro contou com a presença do presidente da COP26, Alok Sharma; do Embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson; Gonzalo Muñoz, líder da Campanha Race to Zero e da Ação Climática da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; além de representantes do ICLEI América do Sul.

 

Sharma ressaltou o papel fundamental do Brasil rumo à COP26 e a importância da adesão das cidades e estados brasileiros na Race to Zero, campanha global da ONU que reúne lideranças de todo o mundo comprometidas com uma recuperação econômica verde, resiliente e sem carbono para alcançar emissões líquidas zero até 2050. “Nós conseguimos mais de 100 empresas, 12 cidades, 4 estados que já assinaram o compromisso com a Race to Zero no Brasil e, se vocês adicionarem os esforços daqueles que estão se comprometendo hoje, isso representa cerca de 50% de todas as emissões no Brasil e 50% da economia. Isso é absolutamente enorme e eu saúdo vocês por isso”, destacou. Os estados do Amazonas, Espírito Santo, Maranhão e Mato Grosso do Sul estão com suas solicitações de adesão sendo analisadas de acordo com os critérios da campanha. 

 

Organizado pela Embaixada e Consulado Britânicos em parceria com o ICLEI, Pacto Global Brasil, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Instituto Ethos, CDP, Centro Brasil no Clima, C40, ACA Brasil, Under2 Coalition, Global Covenant of Mayors for Climate & Energy e FGV EAESP, o encontro reuniu estados e cidades associados à Rede ICLEI e outros governadores(as), prefeitos(as) e CEOs de empresas que anunciaram compromissos climáticos ambiciosos com o Race to Zero. 

 

Race to Zero

 

Atualmente, o Brasil conta com 122 atores comprometidos com o movimento. Desse número, 4 estados e 11 cidades fazem parte da  Rede ICLEI: os estados de São Paulo, Pernambuco, Amazonas e Minas Gerais, primeiro a firmar o compromisso na América Latina. No caso das cidades, participam Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Niterói, São Leopoldo, Canoas e Serra Talhada.

 

Durante o evento, diversas autoridades municipais assumiram seus compromissos com a Race to Zero e compartilharam informações sobre iniciativas ambiciosas dentro de seus territórios. Jairo Jorge, prefeito de Canoas (RS), chama a atenção para a importância da adesão neste momento para a cidade. “Canoas já tem um Inventário de Emissão do Efeito Estufa mas, nos próximos 18 meses, nós queremos construir a análise de vulnerabilidade e risco, e também o Plano Local de Ação Climática, ações e medidas que envolvam a sociedade, que envolvam a nossa comunidade. É este grande movimento que tem que se traduzir para que, em 2050, possamos chegar à neutralidade do carbono”, destacou. 

 

O governador João Dória falou sobre as expectativas que espera alcançar na caminhada para a COP26, como iniciativas e resultados das principais ações do governo, e afirmou: “O estado de São Paulo prioriza a agenda do desenvolvimento sustentável em todas as suas políticas. Criamos ações e iniciativas que se alinham com políticas públicas globais de mitigação de emissões de carbono e proteção ao meio ambiente”.

 

Também esteve presente Niterói que, com a primeira secretaria municipal do clima do país, possui uma ampla trajetória na agenda climática. De acordo com o prefeito Axel Grael, “Niterói desenvolveu muitas ações preventivas no combate à mudança climática como, por exemplo, a proteção das florestas urbanas. Nós estamos trabalhando para construir na população de Niterói uma consciência climática que envolve a participação de cada um”.

 

“Hoje temos a honra de estar aqui representando as cidades do Brasil e pensando em políticas que serão primordiais para o futuro da nossa nação”, afirmou a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado.

 

A cerimônia também celebrou a participação de mais de 100 empresas brasileiras e mais de 3.000 globalmente na Race to Zero. O grupo presente no evento, com CEOs e representantes das empresas Movida, BRF, Azul S.A, Ambev, Banco do Brasil, Malwee, Klabin, JBS e Natura, reforçaram a diversidade de setores empresariais que possuem compromissos climáticos e relembraram o importante papel do setor privado no enfrentamento da emergência climática. 

 

A caminho da COP26

 

Em novembro, acontecerá a mais importante reunião sobre o clima desde o Acordo de Paris e o maior encontro de líderes mundiais desde o início da pandemia: a COP26. Programada para ser realizada na cidade de Glasgow (Escócia), sob a presidência do Reino Unido, o evento  promoverá debates e a busca por soluções decisivas para o futuro do planeta.

 

O ICLEI é a organização que representa oficialmente os governos locais nas COPs e atua como ponto focal dos Governos Locais e Autoridades Municipais (LGMA) nos processos de negociação da UNFCCC, sendo porta-voz de mais de 30 organizações que compõem a Força-Tarefa Global de Governos Locais e Regionais (Global Task-Force for Local and Regional Governments).

 

Como apoio à preparação das cidades e governos para o evento, após o encerramento da cerimônia aberta ao público, o encontro “Fechando o Ciclo de Ambição com a Corrida ao Zero no Brasil” trouxe também importantes discussões que puderam servir como um aquecimento para o evento global.

 

Alok Sharma, presidente designado da COP26, e Gonzalo Muñoz, High Level Climate Champion, abriram a discussão sobre o papel das empresas e governos subnacionais na agenda climática global a caminho da  COP26 e o que é necessário para alavancar a  transformação de suas organizações e setores para apoiar a implementação do compromisso net-zero no Brasil, reforçando o compromisso com uma atuação social e ambientalmente responsável.

 

Foram apresentadas e discutidas questões relacionadas aos principais desafios para que o Brasil alcance a meta de zero emissões líquidas até 2050, além de quais mudanças regulatórias poderiam acelerar a transição em cada setor e quais mecanismos de financiamento – novos ou já existentes – podem ser aprimorados e melhor aproveitados.

 

Isabella de Roldão, vice-prefeita do Recife, reforçou que “o entendimento das ações de enfrentamento à mudança climática implica esforços coletivos”, ressaltando a importância de utilizar a cooperatividade como forma de expansão da mensagem em prol de uma economia sustentável. 

 

Vozes e o planeta das futuras gerações 

 

Ao abordar o desenvolvimento urbano sustentável, é necessário levar em consideração o papel das juventudes nas questões relacionadas ao tema. Tendo em vista que os(as) jovens serão responsáveis pelas ações e tomadas de decisão no futuro próximo, discutir sobre seu protagonismo na liderança, ciência e gestão pública torna-se fundamental. 

 

Diante deste contexto, no último bloco do evento as autoridades presentes também reforçaram a  importância do papel das lideranças para a garantia de um planeta sustentável para as crianças e jovens de hoje. 

 

“O motivo pelo qual estamos fazendo isso é pelo meio ambiente, pela economia, é pelos empregos, mas estamos fazendo isso também para as futuras gerações. E essa próxima década será absolutamente decisiva em relação às ações que estão sendo tomadas”, finalizou Sharma. 


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