“Educação pela Sustentabilidade” é a tônica do 3º. Encontro ICLEI na Amazônia, e a etapa de plenárias começa com falas potentes sobre a disponibilidade de recursos públicos para a Educação Ambiental no país. “O Brasil precisa fazer letramento sobre acesso a recursos para a educação. Existem muitos financiamentos disponíveis, especialmente para educação ambiental’, afirma a professora Cleuza Repulho, associada da Diretoria de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que abre os trabalhos do segundo dia do encontro, em Boa Vista (RR). “Quem gosta de educação precisa entender de finanças. Quem quer proteger o meio ambiente precisa conhecer as leis. Só assim não ficaremos no discurso”, sentencia.
A primeira sessão do dia: “Desafios e Oportunidades da Educação Ambiental e Climática” foi moderada por Armelle Cibaka, Gerente de Planejamento e Gestão de Conhecimento do ICLEI América do Sul, e foi o momento destinado à exposição abrangente dos desafios da educação básica, com olhar para a Amazônia brasileira, sob o ponto de vista da educação ambiental, levando em consideração a infraestrutura, quadro pessoal e outras realidades territoriais da região. A plenária contou com a contribuição de Iarima Naama, supervisora do Subprograma de Educação Ambiental da Fundação Amazônia Sustentável (FAS),que ressaltou a necessidade de conceitos como “adaptação” e “mitigação” serem aprendidos nas escolas. Iarima contou da experiência como professora em comunidades ribeirinhas, com seus desafios e aprendizados, e a importância de conciliar conteúdos da educação tradicional com os saberes dos povos da floresta. João Paulo Amaral, Gerente de Natureza no Instituto Alana, em participação por vídeo fala sobre a importância de aplicar soluções baseadas na natureza, também nas escolas. E a centralidade das escolas na disseminação de conhecimento neste contexto da Mudança do Clima.
“Boas Prática em Educação pela Sustentabilidade” é o tema da sessão destinada à exposição dos casos de sucesso empreendidos pelas cidades brasileiras associadas ao ICLEI como Palmas (TO) e Bracarena (PA), por exemplo. Com moderação do também professos Carlos Eduardo Costa, os trabalhos tiveram inicio com a fala de Maria Consuêlo Sales da Silva, secretária municipal de Educação e Cultura da Prefeitura de Boa Vista (RR), que falou sobre o contexto educacional da cidade onde residem quase dois terços da população de todo o Estado de Roraima. Nathalia Cortez Diógenes, secretária municipal de Gestão Social também do município, com projetos voltados a todas as idades que vem transformando Boa Vista numa referência no território amazônico, e também no cenário nacional.
As atividades da manhã foram encerradas com as falas de Marina Perin, empresária e representante do Laboratório de Análise Ambiental do Grupo Perin, mostrando a importância da utilização de metodologia científica e pesquisas como ferramentas valiosas para as políticas públicas. Armelle Cibaka, Gerente de Gestão do Conhecimento do ICLEI América do Sul, conclui os debates da manhã apresentando projetos do ICLEI voltados à Educação pela Sustentabilidade como. os programas “Embaixadores da Justiça Climática”, “Escolas Sustentáveis” e “Voluntariado”.
Cidades Amazônicas rumo a COP 30
Sessão tarde
A moderação da sessão “Cidades Amazônicas rumo a COP 30” ficou sob a responsabilidade de Bráulio Diaz, Gerente de Relações Institucionais e Advocacy do ICLEI América do Sul, que começou o debate fazendo uma ampla contextualização sobre as principais instâncias globais voltadas à preservação do meio ambiente e acerca dos acordos internacionais voltados à questão climática.
Christiane da Silva, Secretária de Meio Ambiente de Belém/PA, compartilhou a trajetória de Belém (PA) na jornada pela resiliência e adaptação aos efeitos da Mudança do Clima, a importância de contar com o apoio do ICLEI nesta caminhada, e como o município vem se preparando para o maior encontro mundial para debates sobre a Emergência Climática. “A COP30 é um momento único. E não é só para Belém. Esta será a COP da Amazônia”, destaca a Secretária. “É o momento de nós, gestores públicos, estarmos atentos às oportunidades – de acesso a recursos públicos, de fazer parcerias com entidades estratégicas para buscar capacitações e junto a iniciativa privada – e usá-las para melhor a sustentabilidade surbana e a vida de nossos cidadãos”, completa.
Welison Silveira, Secretário de Meio Ambiente de João Pessoa e Coordenador Nacional do Fórum CB27, é convidado a falar sobre como o grupo de Secretárias e Secretários de Meio Ambiente das capitais brasileiras e Distrito Federal, vem se preparando para este momento em que os olhares de todo o mundo estarão voltados para as cidades brasileiras. “Estamos discutindo o protagonismo dos governos locais na construção de políticas públicas de enfrentamento às emergências climáticas e avançarem no desenvolvimento e implementação dos seus Planos de Ação Climática e na gestão de recursos de financiamento climático”, explica Silveira que comemora a criação no dia de hoje da Secretária de Mudanças Climáticas em sua cidade, João Pessoa.
Alexandre dos Santos, Secretário de Meio Ambiente de Boa Vista/RR, compartilhou com os demais gestores municipais presentes, sobre o processo de implantação do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, que foi um importante passo na trajetória de boas práticas que protegem o Meio Ambiente, com ações voltadas à coleta seletiva, manejo do aterro sanitário, instalação de ecopontos e centro de compostagem, por exemplo.
Augusto Azevedo, Doutor em Engenharia Urbana e Sócio da ID4 Arquitetura e Meio Ambiente, completa o ciclo apresentando a perspectiva da iniciativa privada diante dos desafios da implementação de projetos que envolvam questões de Meio Ambiente e a importância de uma caminhada conjunta com a esfera pública, de maneira a fazer com que os planos de áreas transversais – como políticas ambientais, saneamento básico, transporte, educação, desenvolvimento social – conectadas à sustentabilidade urbana se concretizem em ações.
Educação e Cultura como Fatores de Integração frente às Dinâmicas Populacionais
Última sessão
A última sessão plenária do Encontro Amazônico do ICLEI, em Boa Vista (RR) foi um espaço voltado para a reflexão sobre como dinâmicas populacionais, como aumento da população e fluxos migratórios, podem gerar desafios no âmbito da sustentabilidade. E como as ações na área de educação e cultura se relacionam com estas dinâmicas.
A primeira convidada para a discussão foi Gabriela Ramos Andrade, Gerente Especial AVSI Brasil, que mostrou o portifólio da entidade que presta suporte humanitário à refugiados oferecendo acolhida, abrigo, encaminhamento ao mercado de trabalho e dando acesso à educação, através de projetos sociais. “O nosso desafio é tornar pessoas protagonistas do seu próprio desenvolvimento”, Zedequias de Oliveira Júnior, Professor-doutor de Direito da Universidade Federal de Roraima, se soma ao debate trazendo provocações sobre como as mudanças climáticas tem relação direta com o agravamento das consequências no espaço urbano e como o crescimento populacional desordenado amplia as condições de vulnerabilidade. Destacou ainda a necessidade de se estabelecer uma relação entre todos os atores da sociedade no atingimento de metas sustentáveis para um futuro mais equitativo.
A sessão contou, ainda, com a fala de Patrícia Monteiro, Oficial de Planejamento de abrigos da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiado) que apresentou o projeto do Centro de Sustentabilidade que é um espaço dedicado à promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ao avanço de projetos ambientais centrado em três eixos: inovação, coexistência pacífica e conscientização ambiental.
Priscila Vasconcelos, Professora-doutora do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Roraima, moderou a sessão sobre Dinâmicas Populacionais e destacou a importância da participação da sociedade numa postura ativa frente à Emergência Climática.
O 3º Encontro Regional do ICLEI na Amazônia é um esforço conjunto do ICLEI América do Sul, em parceria com a Prefeitura de Boa Vista, e com a correalização do Fórum CB27 e do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CONSEMMA). Este evento é apoiado localmente pela Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (FETEC) e pelo Teatro Municipal de Boa Vista, que gentilmente nos cedeu o espaço. Além disso, contamos com o apoio da Fundação Konrad Adenauer, do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia financiado pela União Europeia, e do Making Cities Resilient 2030 (MCR2030), juntamente com o patrocínio local do Grupo Perin, Análises Laboratório Ambiental e ID4 Meio Ambiente. Agradecemos também à Rede Amazônica pelo apoio de mídia e à parceria contínua com a MRV & CO.