Campo Grande se transforma no centro dos debates sobre inovação agrícola e adaptação climática com semana de intensa programação

II Fórum Estadual de Mudanças Climáticas, Semana de Inovação, Tecnologia e Agronegócio fortalecem o debate da adaptação climática no Centro-Oeste

29 de nov de 2024

Crédito: Prefeitura Campo Grande

“Inovação Agrícola e Adaptação Climática: Boas Práticas, Conservação e Desenvolvimento Sustentável” é o tema de evento em andamento nos dias 28 e 29 de novembro, em Campo Grande (MS), reunindo representantes de governos locais e regionais, setor privado, setor produtivo e instituições de pesquisa no Museu das Culturas Dom Bosco (MCDB), um esforço conjunto do ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e do Consulado Geral da Alemanha em São Paulo, com apoio da Prefeitura de Campo Grande e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

 

A programação tem como foco debater inovação no setor agrícola e a preservação do bioma Pantanal, incentivando estratégias para promoção do desenvolvimento sustentável da região centro-oeste brasileira.

 

Rodrigo Perpétuo, Secretário-Executivo do ICLEI América do Sul, dá início às atividades fazendo uma breve contextualização sobre os acordos globais, trazendo informações da recente COP29 e relativas à adaptação climática e preservação da biodiversidade, lembrando que as transformações recentes nos trazem a um contexto em que é fundamental buscar soluções para o agronegócio de baixo carbono, incluindo restauração de áreas degradas e conservação das áreas verdes já existentes.

 

Joseph Weiss, Cônsul-Geral Adjunto no Consulado Alemão em São Paulo, destaca: “Fortalecer parcerias, compartilhar conhecimento e avançar nas ações de conservação da biodiversidade do Pantanal e disseminar práticas em inovação agrícola para o enfrentamento da emergência climática é o que objetivamos nesse encontro na cidade de Campo Grande (MS).”

 

Ademar Silva Júnior, Secretário Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócios de Campo Grande, fala sobre o empenho do governo na busca de soluções inovadoras para o setor agrícola a atenção à questões ambientais e climáticas, na semana em que Campo Grande se transforma num polo de discussões sobre o tema, com a realização concomitante da Semana de Inovação, Tecnologia e Agronegócio, debatendo o futuro do setor agropecuário em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul e no Brasil. Especialistas, empresários e acadêmicos discutiram como a modernização tecnológica tem impulsionado a produtividade e a sustentabilidade no campo.

 

Artur Falcete, Secretário Executivo Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul, explana sobre o desenvolvimento econômico como aliado das políticas de sustentabilidade e como o Estado já possui dados positivos rumo a uma desaceleração das emissões de carbono provenientes do agronegócio.

 

 

Agronegócio de Baixo Carbono: Impulsionando o desenvolvimento sustentável do território

 

A sessão propõe um espaço de diálogo estratégico para explorar o papel do agronegócio na construção de uma economia de baixo carbono, equilibrando alta produtividade com sustentabilidade ambiental.

 

Perpétuo traz exemplos já conhecidos e em uso no Brasil que contribuem para a redução das emissões como a rotação de culturas, uso de energias mais limpas tanto na produção quanto logística da produção, manejo sustentável na pecuária, diminuição do uso de produtos químicos, o cuidado com a conservação de espécies nativas, proteção de nascentes e a restauração de áreas degradadas, e introduz a participação dos convidados para o compartilhamento de inovações já em implantação em território brasileiro.

 

Coryntho Filho, Diretor do Instituto Espinhaço, fala sobre a atuação da entidade e compartilha o trabalho realiza na Fazenda Sanga Puitã, palco de diversas iniciativas educacionais e de pesquisa no setor agropecuário e que desempenha um papel significativo em projetos de desenvolvimento rural sustentável, como o Pró-Águas Cerrado, que visa a recuperação de áreas degradadas e a promoção da segurança hídrica na região. Olivier Reinaud, Diretor da Net Zero, mostra a aplicabilidade e resultados do uso do biochar no fomento de uma agricultura de baixo carbono

 

Artur Falcette, Secretário de Governo do Mato Grosso do Sul traz a visão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação/MS acerca da mudança do clima, apresenta projetos exitosos de mitigação e adaptação e fala sobre o desafio de tornar o estado Carbono Neutro até 2030.

 

Estruturada em dois blocos temáticos, a sessão caminha para a apresentação de iniciativas vindas do setor produtivo. Isadora Ramos, Supervisora de Sustentabilidade, Escritório Verde JBS, destaca a atuação da JBS para integrar práticas sustentáveis e tecnologias inovadoras para minimizar o impacto ambiental. Tatiana Teles, Proprietária, Agropecuária Scaff, trazendo o olhar do setor privado acerca de soluções inovadoras potenciais para a agricultura de baixo carbono.

 

Reinhard Knoch, Cônsul Honorário da Alemanha em Campo Grande, ressalta a responsabilidade de todos os atores da sociedade: cidadãos, setor produtivo e Poder. Público – nas esferas municipal, estadual e federal – para o alcance dos resultados necessários rumo a um futuro mais sustentável proporcionando mais qualidade para a vida de pessoas.

 

Rodrigo Perpétuo encerra o produtivo debate da manhã destacando a importância da atuação em rede para a promoção das soluções necessárias: “O novo contexto que se apresenta com o aumento das queimadas e consequente perda de diversidade; a necessidade de investimento em agricultura de baixo carbono e adaptação climática faz com que o ICLEI se coloque à disposição para promover conexões e disseminar experiências. O objetivo é a convergência para incentivar iniciativas para a promoção da sustentabilidade no Pantanal e toda região centro-oeste”.

 

 

Pantanal: Diagnóstico, Desafios e Estratégias de Conservação

 

O Pantanal, a maior planície alagada do mundo, é um bioma de importância global, reconhecido por sua rica biodiversidade e pelos serviços ecossistêmicos que oferece. No entanto, enfrenta desafios críticos, incluindo desmatamento, queimadas, pressões econômicas e os efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas. Estes fatores ameaçam a integridade deste ecossistema único, exigindo uma abordagem abrangente e colaborativa para sua preservação.

 

Com moderação de Cibele Carneiro, representante institucional do ICLEI para a região Sul e Mato Grosso, a sessão começa com a participação de Marcos Rosa, Coordenador Técnico do MapBiomas, apresentando dados do diagnóstico da região pantaneira. A ferramenta mostra a evolução da região ao longo dos anos, avaliando indicadores de alagamento, queimadas, desmatamentos, vigor do solo e diversos outros, que podem ser acessados propiciando gestão dos recursos da região, com base em dados.

 

Saulo dos Santos, Assessor Técnico, GIZ, compartilha com os presentes o projeto “Territórios Vivos”, ambiente online que reúne informações georreferenciados sobre territórios tradicionais no Brasil, possibilitando a integração das comunidades e também acesso à políticas públicas.

 

Leonardo Gomes, Diretor Executivo do Instituto SOS Pantanal, apresenta a atuação da entidade e oportunidades de avanço para a região como, por exemplo, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento do Pantanal, planos de ação climática dos municípios da região, acesso a recursos de financiamentos e fala sobre desafios como os incêndios florestais, secas extremas, preservação de nascentes e unidades de conservação.

 

Fábio Bolzan, Superintendente da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Mato Grosso do Sul traz a perspectiva da secretaria sobre a conservação do Pantanal. Entre os avanços o gestor cita a Regulamentação da Lei Pantanal, criada de forma participativa, e que promove conservação, proteção, restauração e exploração sustentável do bioma. Elaborada em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a legislação estadual prevê regras para o cultivo agrícola, a produção pecuária e um fundo para programas de pagamentos por serviços ambientais.

 

Humberto de Mello Pereira, Secretário Executivo da Secretaria de Agricultura Familiar, de Povos Originários e Comunidades Tradicionais, coloca a importância das comunidades e povos originários na preservação do bioma pantanal e destaca as políticas em andamento no Governo para fomento rural, carbono neutro, implementação de certificações, incentivos para bioeconomia e agricultura familiar e extensão tecnológica.

 

Encerando a plenária, Joanice Lube Battilani, superintendente estadual do Ibama do Mato Grosso do Sul, fala sobre a missão do órgão federal na proteção do Meio Ambiente e para assegurar a sustentabilidade no uso dos recursos naturais, e apresenta ações em andamento na conservação do bioma pantanal, como o controle de desmatamentos, combate aos incêndios florestais e outras medidas de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.

 

Ação Climática nas Cidades do Mato Grosso do Sul: Resiliência, Sustentabilidade e Segurança Alimentar

 

Rodrigo Perpétuo abre a sessão destacando a importância de integração das agendas nas cidades: “Os governos locais, pressionados pela mudança climática e pela rápida urbanização, necessitam de estratégias integradas para fortalecer a resiliência, promover a sustentabilidade e garantir a segurança alimentar”.

 

Isaac Henriques de Medeiros, Diretor de Análise de Licenciamentos Urbanísticos Especiais da Subsecretaria de Planejamento Urbano de Belo Horizonte, traz um panorama das iniciativas em andamento no município como realização de séries históricas de inventários de GEE, instituição do Comitê Permanente de Ação Climática, estratégias para urbanização sustentável de ocupações informais e para ocupação do solo, e voltadas à segurança alimentar e nutricional como as hortas urbanas e de sistemas agroflorestais.

 

Mário Jorge Bonfante Lançone, Engenheiro Ambiental da Secretaria de Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade de Campinas, compartilha ações de adaptação e resiliência implantadas no município como os parques lineares, programa de arborização urbana, corredores ecológicos, e programas de macro e microdrenagem, incorporando soluções baseadas na natureza.

 

Berenice Domingues, Diretora-Presidente da PLANURB Campo Grande, mostra como se deu a ocupação do município e as ações do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA), entre elas a o Índice de Relevância Ambiental (IA) que visa qualificar o uso do solo urbano, melhorar as condições de drenagem e promover o controle, a poluição atmosférica, além de incentivar e manter a arborização e, também, a instituição do Comitê de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC).

 

“Exercitar a esperança através do trabalho, com uma contribuição constante e consistente, e através da cooperação permite que acreditemos num futuro mais sustentável para as cidades”, conclui Rodrigo Perpétuo, Secretário Executivo do ICLEI América do Sul.

 

 

Hortas urbanas e Agricultura familiar no foco da visita técnica

 

Como parte integrante da programação do evento acontece a visita técnica às hortas urbanas de Campo Grande, apoiadas pela Sidagro. A cidade conta com 232 hortas, das quais 170 fornecem sustento a 170 famílias e gerando empregos diretos e indiretos. Esta visita técnica oferecerá uma visão prática das técnicas de cultivo sustentável e do impacto positivo das hortas na comunidade local, promovendo segurança alimentar e desenvolvimento econômico.

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