Área de Sistemas Alimentares do ICLEI América do Sul é reforçada com chegada da especialista Maíra Colares

Mestre em administração pública e especialista em gestão pública, a ex-secretária de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte passa a integrar a equipe como Senior Fellow de Sistemas Alimentares

19 de abr de 2023

O ICLEI América do Sul está agregando à equipe especialistas com mais de 10 anos de experiência em diferentes áreas. Maíra Colares, assistente social, mestre em administração pública, especialista em gestão pública e ex-secretária de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte, passa a contribuir com a organização como Senior Fellow de Sistemas Alimentares.

 

 

 

Maíra atua há 16 anos como gestora, docente e consultora, contribuiu fortemente para que a política de agricultura urbana e agroecologia se tornasse estratégia intersetorial para uma Belo Horizonte mais resiliente e inclusiva e se destacou na jornada de construção de sistemas alimentares sustentáveis e territorializados. Durante sua gestão como Secretária Municipal, a capital mineira foi eleita duas vezes representante da América do Sul no Comitê Diretivo da Rede Internacional Pacto de Milão para Política de Alimentação Urbana, foi cidade mentora na 1ª edição do Laboratório Urbano de Políticas Alimentares (LUPPA) e venceu o Milan Pact Awards (2018).

 

A atuação de Maíra no ICLEI terá como foco o apoio aos governos locais na construção de sistemas alimentares sustentáveis para cidades mais resilientes, com acesso a alimentos, agricultura urbana e segurança alimentar. A crise climática tem nos mostrado que não é mais possível seguir com o padrão de exploração utilizados até o momento, é preciso rever esta lógica e os governos locais podem fazer esta transformação por meio de uma transição de seus sistemas alimentares”, afirma.

 

Para Maíra, o fortalecimento da área de sistemas alimentares sustentáveis nos territórios é uma saída para atuar localmente e mitigar os efeitos das crises climática e de insegurança alimentar, fazendo a diferença positiva para a população local e para todo o ecossistema.Investir em sistemas alimentares sustentáveis traz soluções perceptíveis na vida das pessoas e nos territórios, contribuindo para a solução de problemas complexos de forma inovadora responsável.”

 

 

Além de Maíra, o ICLEI América do Sul também conta com o apoio da especialista Maria Caldas, Senior Fellow de Desenvolvimento Urbano Sustentável.

 

 


Confira abaixo à integra da entrevista com Maíra Colares:

 

– Quem é Maíra Colares?

 

Com experiência em gestão de políticas públicas há 16 anos, acredito na convergência de esforços entre poder público e sociedade para transformar a nossa realidade. Sou mestre em administração pública e especialista em gestão pública pela Fundação João Pinheiro-MG. Sou Assistente Social e, atualmente, graduanda em Direito pela PUC-MG, com intercâmbio na Universidade de Coimbra (Portugal). Sou CEO do Instituto Andurá – Gestão Social e Sustentabilidade e, a partir de agora, tenho a oportunidade grandiosa de atuar como Sênior Fellow em sistemas alimentares sustentáveis no ICLEI América do Sul.

Tive oportunidades incríveis de atuação profissional e destaco a experiência como Secretária Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte (2017-2022), quando pautei e coordenei a agenda governamental para a criação de uma política inovadora e participativa de fomento à agricultura urbana com bases na agroecologia, em busca da transição do sistema alimentar urbano da capital mineira.  Também atuei como Superintendente de Políticas de Assistência Social da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (2015-2016), como docente em cursos de graduação e pós-graduação (2013-2018) e assessora da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas (2007-2011), da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

 

 

– Quais as principais experiências adquiridas ao longo da sua carreira que entende irão contribuir com seu trabalho junto ao ICLEI?

 

Ao longo da minha carreira tive a oportunidade de criar convergências importantes em torno das agendas político-institucionais que coordenei, alargando a visibilidade e os investimentos em políticas de garantia aos direitos sociais e humanos, incluindo o direito à alimentação saudável.

 

Algumas experiências foram marcantes e acredito que podem contribuir com o meu trabalho junto ao ICLEI, como a coordenação da agenda local de inovação alinhada à Agenda 2030 e às diretrizes do Pacto de Milão. Enquanto gestora municipal em Belo Horizonte (MG) atuamos em cooperação institucional e fomos representantes da América do Sul no Comitê Diretivo da Rede Internacional Pacto de Milão para Política de Alimentação Urbana e cidade mentora na primeira edição do Laboratório Urbano de Políticas Alimentares (LUPPA). Um momento marcante também foi o reconhecimento nacional e internacional, quando tivemos experiência vencedora no Milan Pact Awards (2018) e no concurso nacional de inovação no setor público da ENAP (2020).

 

Acredito que estas e outras oportunidades de construção de uma agenda local pelo desenvolvimento justo, resiliente e sustentável de políticas de segurança alimentar (dentre outras nas políticas de assistência social e direitos humanos) me conferiram acúmulo técnico e capacidade de gestão e inovação. Estas competências podem contribuir com os projetos liderados pelo ICLEI em seu importante trabalho junto aos governos locais.

 

 

– Como conheceu o ICLEI e quais as expectativas com relação à parceria?

 

Conheci o ICLEI em 2012, em seu primeiro Congresso Mundial, sediado em Belo Horizonte (MG), mas naquela época não tinha existido a oportunidade de criar uma agenda conjunta. Isto aconteceu a partir de 2017 devido à agenda internacional sobre segurança alimentar e às articulações relacionadas ao Pacto de Milão.

 

Acredito que o ICLEI tem a capacidade de pautar a agenda pública de governos locais em busca de cidades mais sustentáveis, justas e resilientes. Isto contribui sobremaneira para a criação de uma sociedade mais justa e sustentável, algo que acredito e aposto em minhas escolhas profissionais. Colocar as habilidades que agreguei ao longo de minha carreira à serviço de governos locais para criação de sistemas alimentares sustentáveis por meio de uma parceria com o ICLEI é uma oportunidade grandiosa, estou muito feliz e animada por isso.

 

 

– Se pudesse resumir esta oportunidade em poucas palavras, o que diria?

 

Uma oportunidade extraordinária de fazer o que amo e acredito em parceria com uma organização que respeito e admiro!

 

 

– Na sua opinião, a crise climática traz quais oportunidades e quais desafios para a implementação de sistemas alimentares sustentáveis no ambiente urbano?

 

A crise climática prejudica, por vezes inviabiliza, a vida em sociedade e tem causado grandes catástrofes ambientais e sociais. Ela também é impulsionada pelos modelos de produção e distribuição de alimentos, já que 27% das emissões globais de gases de efeito estufa são provenientes desta atividade.

 

Estes modelos utilizam cada vez mais agrotóxicos na produção, degradando o solo e a água, e não utilizam fontes renováveis e Soluções baseadas na Natureza. Os circuitos curtos e circulares de comercialização também são negligenciados, o que aumenta ainda mais a emissão de carbono na atmosfera. Dentre outras consequências, isso causa o aumento dos preços dos alimentos, além de comprometer a sua qualidade, o que prejudica o acesso em quantidade e qualidade desejáveis pela população, especialmente a mais pobre. São impressionantes 131 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe que não têm acesso a uma dieta saudável. Quase 30% dos brasileiros se enquadram em algum nível de insegurança alimentar e a fome atinge quase 8,6 milhões de pessoas (Relatório “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2022 por ONU/FAO, IFAD, PAHO, UNICEF e WFP).

 

É possível investir em modelos de incentivo à agricultura urbana e à integração com o campo para romper com este ciclo. É urgente a disseminação de políticas públicas e práticas de mercado que incentivem a produção agroecológica e orgânica de alimentos saudáveis, impulsionado a produção local e regional, além da formação de redes de agricultores que consigam produzir e comercializar os seus produtos com preço justo e baixa emissão de carbono. A crise climática tem nos mostrado que não é mais possível seguir com o padrão de exploração utilizados até o momento, é preciso rever esta lógica e os governos locais podem fazer esta transformação por meio de uma transição de seus sistemas alimentares.

 

 

– Como seria um modelo ideal de sistema alimentar sustentável para os territórios?

 

Os sistemas alimentares dizem respeito a todo o processo de produção, distribuição, consumo e descarte de alimentos. Se buscamos um sistema alimentar sustentável, resiliente, circular e justo precisamos nos preocupar em preservar os recursos naturais; produzir alimentos mais saudáveis, especialmente com a produção agroecológica e orgânica; fortalecer a rede de produção e comercialização local, com destaque à produção familiar e comunitária; alargar a conexão entre produtores e consumidores por meio de circuitos curtos de comercialização, com incentivo à economia circular; favorecer o consumo de alimentos frescos e saudáveis, gerando uma alimentação mais saudável para a população e também mais renda para produtores locais; promover políticas de acesso a alimentos para a população mais vulnerável; garantir a educação alimentar e a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com o incentivo ao consumo consciente e promoção de práticas que evitem o desperdício.

 

 

– Para você, a área de sistemas alimentares sustentáveis é…

 

Uma saída para atuar localmente e mitigar os efeitos das crises climática e de insegurança alimentar, fazendo a diferença positiva para a população local e para todo o ecossistema. Investir em sistemas alimentares sustentáveis traz soluções perceptíveis na vida das pessoas e nos territórios, contribuindo para a solução de problemas complexos de forma inovadora responsável.

 

 

– Uma realização.

 

Construir uma trajetória profissional repleta de boas experiências, compartilhada com pessoas e instituições que admiro e que contribuiu para a garantia de direitos.

 

 

– Uma paixão.

 

Os processos de construção de políticas públicas participativas, que garantam direitos e criem oportunidades para vivermos em cidades mais justas e sustentáveis.

 

 

– Um sonho.

 

Que todas as pessoas do mundo tenham acesso a sistemas alimentares sustentáveis e justos, garantindo o direito humano à alimentação adequada, com qualidade e quantidades suficientes.

 

 

– O ICLEI é…

 

Uma organização admirável e fundamental, que atua com responsabilidade e alcança com sucesso a sua missão institucional de apoiar governos locais no desenvolvimento de cidades sustentáveis.

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